Projetos de acolhimento amenizam fome do corpo e da alma

A pandemia tem levado muita gente ao desespero. Mas vem mostrando também o lado bom do ser humano e despertando nas pessoas o desejo de ajudar os mais necessitados. Em Porto Seguro, uma das iniciativas nessa direção foi o trabalho voluntário desenvolvido pelo Projeto Mãos Solidárias, que atendeu uma média de 100 pessoas por dia, no Clube da Amizade.  Há dias em que chegavam a 175 o número de necessitados que recebem almoço, café da noite, roupas, além de um espaço para fazer sua higiene pessoal e encontrar apoio espiritual para enfrentar as dificuldades.

A participação do projeto Mãos Solidárias na gestão desta iniciativa se encerrou em julho. Mas a Missão Anjo Bom, que já atua na cidade com outros projetos, desenvolve outro grande trabalho de acolhimento com estas mesmas pessoas, que vivem em situação de vulnerabilidade social.  Gleison Miranda, coordenador do Mãos Solidárias, agradece à direção do Clube da Amizade pelo apoio que ajudou a fazer a diferença, naquele momento em que foram cedidas as instalações do clube. “Todos ajudaram, com mão-de-obra, doação em dinheiro, roupas, alimentos, kits de higiene. A gente agradece grandemente a todos, sem distinção!”

Gleidson, que é agente de reservas e vocacionado ao sacerdócio, conta como tudo começou.  “No início da pandemia, saindo da Igreja Nossa Senhora do Brasil e passando pela Praça do Relógio, vi muitos moradores de rua e, com tudo fechado, realçou o número de pessoas naquele estado. Bateu então o desejo de ajudar. Deus nos inspira o tempo todo, e eu pensei: então vamos ajudar”, lembra o jovem. “Liguei para uma amiga chamada Joana, que já fazia um trabalho de distribuição de alimentos com outros colegas da Universidade Federal do Sul da Bahia e começamos nesse mesmo dia, 21 de março.

Gleidson não queria publicidade na ação social, mas acabou convencido a divulgar a campanha nas redes sociais para conseguir os mantimentos necessários para doação. E o grupo alcançou cerca de 170 pessoas. “Bombou e começamos a receber as doações. A primeira foi de R$ 500. E, no dia seguinte já começamos a entregar os alimentos”. E assim foram recebendo as doações para alimentar os moradores de rua. Católico, Gleidson afirma que o tema atual da Campanha da Fraternidade também o inspirou: “Sentiu compaixão e cuidou deles”, em referência a Santa Dulce dos Pobres.

Inspiração divina

“Fico feliz, porque, independente de religião, as pessoas ajudaram o Mãos Solidárias, levando doações. Muita gente! Passamos um mês na rua oferecendo almoço e café da noite; e também tivemos muitas dificuldades, mas tudo o que é inspirado por Deus, nunca acaba. Ele nos dá força para continuar”. No início, duas pessoas cederam suas casas e depois foram surgindo outras ajudas. “Temos muito a agradecer a todas essas pessoas, restaurantes, supermercados, hotéis, hortifrutis. É algo divino, Porto Seguro acolhe todas as pessoas e tem coração imenso para ajudar”, diz Gleidson.

Segundo o coordenador, o alimento oferecido é também para a alma. “Oferecemos também a alimentação espiritual. Algumas pessoas já voltam para suas casas, dependentes químicos deixaram o vício, enviamos alguns para o Manaain e outras entidades de recuperação”, relata. Ele diz que a maioria das pessoas atendidas por este projeto era de homens adultos, mas também mulheres e crianças. E que, além de moradores de rua, também pessoas que estavam passando fome em casa chegaram para ser acolhidas. As prestações de conta, salienta, eram feitas diariamente ao grupo de doadores.