Museu de Caraíva une moradores e estrangeiros

O distrito de Caraíva, a aproximadamente 103 km de Porto Seguro, é conhecido internacionalmente pelas suas riquezas naturais e apelo turístico. Mas pouca gente conhece a história do lugarejo, cuja comunidade revela grande força na preservação ambiental e dos costumes. Em 25 de dezembro de 2018, foi inaugurado o Museu de Caraíva, com projeto colocado em prática por duas estrangeiras e apoio destes moradores.

Considerada um presente de Natal, a iniciativa foi do Conselho Comunitário e Ambiental (CCAC), com o propósito de oferecer um espaço para a comunidade conhecer e reconhecer a sua história. E a antropóloga colombiana Natalia Segovia e a historiadora de arte, a italiana Irene Barontini, arregaçaram as mangas para fazer com que as ideias saíssem do papel. Segundo Natalia, Caraíva foi o primeiro vilarejo europeu do Brasil, tendo sua história grande valor para todo o país.

A antropóloga afirma que a dificuldade de acesso e a escassez no atendimento às necessidades básicas como educação e saúde impediram, por muitos anos, que as pessoas conhecessem mais do seu próprio passado. “Durante a pesquisa histórica para o museu, nos demos conta de que a memória coletiva dos moradores de Caraíva está muito fragmentada. O exercício de buscar toda a informação e estruturar toda a linha do tempo foi desafiador”, disse. Encontrar material, documentos e provas físicas da história foi quase impossível, o que obrigou a equipe a recapitular o passado de Caraíva apenas a partir dos anos 40.

Jornal do Sol faz história

Natalia conta ainda que o material que compõe as peças do museu foi disponibilizado pelas pessoas que vivem lá, dando a elas a oportunidade de reconstruir o próprio espaço. Foram encontradas fotos e documentos antigos, livros e alguns objetos e até mesmo registros da localidade em edições do Jornal do Sol. “É muito importante que a comunidade se identifique com a sua história e essencial entender como eles percebem o seu passado e os documentos que eles mesmos podem nos oferecer. Acreditamos que o conhecimento de uma comunidade sobre sua história pode mudar a projeção para o seu futuro.”

De acordo com as gestoras, o museu será também um ambiente de atividades culturais como cinema, exposições e vivências, e de realização de projetos sociais e históricos para a comunidade. Atualmente, estão programando projetos com a ONG Caraíva Viva e escolas locais para incentivar o conhecimento histórico do vilarejo às crianças. A expectativa é que a iniciativa ajude na prática da cidadania, já que, nos últimos anos, o distrito se viu exposto ao turismo de massa, com avanços econômicos, mas também com impactos negativos. “É uma ferramenta para conscientizar as pessoas do valor histórico, cultural e ambiental que tem esta pequena península paradisíaca.”

No local também há serviço de informações turísticas sobre pousadas, restaurantes, passeios, transporte e o Ecoticket, que é uma doação mínima de R$ 10,00, destinados à manutenção e melhorias da vila, como projetos e obras, como banheiros públicos. O Museu de Caraíva fica logo na chegada das canoas e aberto geralmente de quinta-feira a domingo, das 9h às 12h e das 18h às 21h. Quem quiser visitar virtualmente pode seguir no instagram:  @museucaraiva2018.


Matéria publicada na edição 406 do Jornal do Sol