Saúde dos oceanos está no limite e ninguém vê

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Alerta foi feito por pesquisadores durante a II Oficina de Jornalismo Ambiental, realizada em Recife. O Jornal do Sol foi um dos veículos convidados

O alerta sobre o grave processo de degradação do habitat marinho foi dado por pesquisadores reconhecidos nos meios acadêmicos e científicos, durante a II Oficina de Jornalismo Ambiental, realizada no Mercure Recife Mar Hotel, em Recife (PE), nos dias 07 e 08/12. O encontro reuniu ainda ambientalistas ligados à conservação marinha e jornalistas de diversos Estados do país. O Jornal do Sol foi um dos veículos convidados para o encontro, promovido pela Rede Biomar, que conta com o patrocínio da Petrobrás e Ministério do Meio Ambiente.

O objetivo da ação foi estimular a cobertura da mídia sobre assuntos relacionados à conservação marinha e às ações dos projetos da Rede Biomar, proporcionando também a troca de experiências entre profissionais de comunicação. Atuando na proteção e pesquisa de espécies e habitats, atualmente fazem parte da Rede Biomar os projetos Tamar, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Albatroz.

Além de conhecer o funcionamento dos projetos da Rede Biomar, os jornalistas tiveram acesso a informações surpreendentes sobre a saúde dos oceanos brasileiros, além da oportunidade de contato com premiados profissionais de comunicação, que compartilharam com os convidados suas experiências bem sucedidas sobre a inclusão de temas ambientais na pauta jornalística.

Oceanos estão doentes

Os resultados da Avaliação Global dos Oceanos foram apresentados pela doutora em Biologia Marinha, mestre em oceanografia pela James Cook University do Canadá e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Beatrice Padovani Ferreira. O estudo foi realizado pela ONU, com a participação de 600 especialistas do mundo inteiro e segundo Beatrice, que também faz parte do projeto, a grande conclusão é que “o tempo está ficando curto para mudar o destino dos oceanos, que vivem um momento crítico”.  Para ela, o lixo é o maior problema que assola o mundo moderno e os governos não parecem interessados em buscar soluções. “Os países precisam investir em tecnologia e melhorar sua capacidade de prevenir desastres”, assinala.

O fundo do mar foi também o tema da abordagem do oceanógrafo Mauro Maida, mestrado e doutorado em ecologia marinha pela James Cook University of North Queensland, que também é professor da UFPE. Ele fez uma analogia entre a degradação das florestas e dos oceanos. “O processo de destruição do mar é o mesmo de uma máquina derrubando florestas. Só que a gente não vê”.

Ele salientou que “temos um Código Florestal, mas não temos um Código Marinho”, apresentando os surpreendentes resultados obtidos a partir da proteção de áreas na Base de Tamandaré, onde foi visível a multiplicação de milhares de espécies de peixes. Entre as principais causas para a degradação dos oceanos, ele aponta a sobrepesca, o desenvolvimento urbano, as mudanças climáticas e a degradação dos recifes de corais. “99,95% do mar são passíveis de exploração. Somente 0,05% são protegidos da utilização dos recursos e da destruição de habitats. Os processos estão chegando ao limite e nós temos a obrigação de mudar esse cenário”, alerta.