Liderança denuncia calamidade na saúde indígena

 

Segundo Zeca Pataxó, por negligência das autoridades, aldeias do Extremo Sul Baiano registraram 492 casos de Covid-19, até 05/01/21

O Cacique Zeca Pataxó, liderança indígena na Costa do Descobrimento, publicou, em dezembro de 2020, um áudio em que relatou os números de casos de Covid-19 em diversas comunidade indígenas da região. Até dia 08/12/20, os casos em Porto Seguro chegaram a 294. O cacique afirma que há negligência das autoridades sanitárias no atendimento às famílias indígenas.

Em 05/01/21, já são registrados no Extremo Sul da Bahia, segundo o cacique, 492 casos da doença, sendo que o maior número de ocorrências é na Aldeia Barra Velha, com 161 notificados. As outras ocorrências são: Aldeia Xandó (29), Itapororoca (16), Mirapé (12), Jaqueira (4), Aldeia Velha (6), Imbiriba (3), Boca da Mata (13), Cassiana (7), Juerana (8), Meio da Mata (2), Novos Guerreiros (3), Pará (18), Bugigão (16) e Campo do Boi (1). Em Santa Cruz Cabrália: Coroa Vermelha (119); TirriCamaiurá (13); Nova Coroa (21), Aroeira (17), Mata Medonha (8), Agricultura (5). E em Itapebi, Aldeia Patiburi (10). Até o momento, desde as primeiras ocorrências registradas da doença na região - em março de 2020 -, quatro óbitos de indígenas foram registrados, todos em Coroa Vermelha.

Através das redes sociais, em dezembro, o Cacique Zeca Pataxó, relatou a situação de aldeias da região em relação às deficiências na prevenção e tratamento de pacientes com Covid-19 e cobrou das autoridades medidas para melhor enfrentamento ao problema. “Quero relatar um fato que está no Extremo Sul da Bahia com nossos Pataxós, em relação ao Covid-19. Muita gente deixou de lado, devido à política, de cuidar da saúde, de manter a obrigação dos órgãos competentes nas aldeias. Com nossas equipes poucas e mesmo com os municípios ajudando aqui na região de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, mesmo assim, a gente tem muito caso alarmante”.  

Ele disse que falta atenção da Sesai e da Funai. “Cadê as nossas autoridades, os nossos órgãos competentes para trabalhar e cuidar do nosso povo, com as barreiras sanitárias, que não estão sendo feitas mais, com a proibição de locais nas aldeias? A aglomeração voltou totalmente. E o apoio, a máscara, o álcool em gel, que não estão tendo mais?”, questionou o cacique, que afirma ser necessário recorrer ao Ministério Público e outros órgãos, inclusive encaminhando para a Presidência da República um pedido para que conheça a situação. “Nossos combustíveis já foram cortados, os carros estão parados nas aldeias. Virou um verdadeiro descaso na nossa Bahia”, lamentou.

Zeca Pataxó pediu providências e afirmou que a situação está de calamidade pública. “Precisamos fazer com que os órgãos competentes venham fazer o seu trabalho, conforme manda a lei e conforme a ciência, em relação à Covid, que está aí matando nossos indígenas. São muitos casos. E a gente precisa que se tomem providências imediatamente para que nossos indígenas sejam protegidos.” Ainda segundo o cacique, o Ministério da Saúde ficou de definir, até o final de janeiro, uma reunião com as lideranças para ouvir suas reivindicações.