Secretaria promete reduzir filas nos postos de saúde


Acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco começa a ser implantada

Chegar aos postos de saúde em busca de atendimento muitas vezes representa mais dor de cabeça, pela demora ou pela não solução do problema do paciente. Mas usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que recorrem às Unidades Básicas de Saúde da Família em Porto Seguro passarão a ter um atendimento diferente. É o que garante Josiany Garcia, superintendente de Atenção Básica no município, cujo setor está implantando, há cerca de três meses, uma rotina de atendimento que envolve otimização de tempo e solução efetiva. É o acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco.
Segundo Josiany, os usuários que chegam às unidades passam por uma triagem e são avaliados para receber o atendimento mais apropriado ao seu caso, mesmo que ele não seja resolvido naquele momento. Demandas mais urgentes são solucionados com maior rapidez e casos eletivos são tratados dentro de uma agenda que poderá levar até 60 dias. Este é o atendimento pela classificação de risco, em que o paciente recebe uma ficha de acordo com seu estado: vermelha (alto risco), amarela (médio risco), verde (baixo risco) e azul (sem risco). A superintendente frisa que, desta forma, não é necessário o paciente chegar de madrugada à unidade de saúde para garantir o lugar na fila.
A portaria que trata do acolhimento não é nova. A proposta é de 2006 e foi reforçada com a Portaria 2488/2014. De acordo com o Ministério da Saúde, esta forma de tratar cada caso atende à equidade, um princípio de justiça que baseia-se na premissa de que é preciso tratar cada um de acordo com a sua necessidade. Uma criança com febre alta, uma paciente de preventivo, um usuário agitado, uma pessoa com dificuldade de respirar, um paciente que quer fazer um exame de sangue ou um idoso com dor no peito têm atendimentos diferentes e são encaminhados para os setores em tempos distintos.
Madrugada na fila
O objetivo é resolver os problemas e evitar as filas. De acordo com Conceição Julião, da Educação Permanente em Saúde, as equipes capacitadas passam por um processo contínuo de acompanhamento. E a medida foi implantada porque, mesmo com atendimento através dos programas de saúde, os postos não conseguiam atender quem chegava sem a ficha ou a senha, um problema recorrente. Pacientes que chegavam depois das senhas distribuídas ficavam sem atendimento e formavam uma demanda reprimida. O desafio, segundo Josiany, é fazer com que o usuário entenda que seu atendimento passa por uma avaliação para identificar os casos de maior urgência e, com isso, realizar as devidas priorizações. Ela também garante que “o número de reclamações sobre o atendimento nos postos de saúde diminuiu e já houve até elogios”.
Para Dona Vera Santos, moradora da Vila Valdete, a realidade ainda é a mesma de antes: as filas continuam todos os dias pela manhã bem cedo, para tentar marcar consulta. “Tive que ficar na chuva outro dia, porque não tem marquise para a gente ficar protegida do tempo. E a demora é muito grande para conseguir marcar uma consulta”. Mas a superintendente da Atenção Básica explica que as mudanças ainda vão chegar ao bairro de Dona Vera. “A Vila Valdete ainda funciona como ponto de apoio e vai se atualizar quando inaugurar a unidade com equipe de saúde da família”, garante.