Cresce o número de mulheres que se declaram “chefes de domicílio”

Palestrante Mônica Burgos e cabeleireira Kátia Oliveira,

no seminário que destacou o poder feminino por meio de empreendedorismo

 

Segundo o Sebrae, nos últimos dois anos, o percentual de mulheres empreendedoras que são “chefes de domicílio” passou de 38% para 45%. O aumento mostra que a atividade profissional vem dando às mulheres a principal posição em casa. De olho na participação da mulher no mercado de trabalho, o Sebrae realizou, no dia 28/03/18, em Porto Seguro, o seminário Empreendedorismo Feminino.

O evento foi realizado no Hotel Solar do Imperador, com a participação de duas renomadas empreendedoras brasileiras: Marta Ângelo, de São Paulo, formada em Comunicação Social e Marketing, dona do Beauty Gift; e Mônica Burgos, baiana, bacharel em Direito, formada em Moda pelo Senac Moda Rio e sócia-fundadora da Avatim, empresa de cosméticos e aromas que nasceu na Bahia e hoje possui 120 lojas em 25 estados brasileiros.

Elas revelaram ao público feminino um pouco de suas vivências registradas na caminhada empreendedora e cheia de desafios. Para Mônica Burgos, todo início requer uma vontade interior tão grande que não dê lugar ao desânimo e à desistência. Ela afirmou que decidiu mudar de carreira e abandonar a advocacia para apostar em um sonho, mas foi questionada por algumas pessoas sobre as dificuldades de fazer isso tendo três filhos ainda pequenos. “Eu sempre respondi que meus filhos, na verdade, eram meu principal combustível. Eles foram minha fonte de força para seguir em busca dos meus objetivos”.

Enfrentando preconceitos

Quando perguntada sobre o medo de errar e o preconceito, afirma: “ainda hoje sinto medo de fazer escolhas equivocadas. Mas depois das decisões tomadas tudo fica mais fácil, desde que também saibamos recuar, corrigir e nunca deixar de avançar. Meu maior desafio na busca da minha realização profissional foi enfrentar os preconceitos, conseguir me sustentar sem a ajuda da família; uma divorciada com mais de 30 anos e com três filhos para criar”. Estes fatos, segundo a empresária, lhe exigiram muita determinação e atenção a todas as oportunidades para entrar em um novo mercado de trabalho.

Outro ponto abordado por Mônica Burgos foi a necessidade de ter autoconfiança quando se está começando ou recomeçando na vida profissional, de apostar em si mesmo mais do que no outro e querer mais do que necessitar. “Somente assim conseguiremos enfrentar nossos medos e ter a coragem para ir atrás do que é importante para nós, lembrando que, quando escolhemos o caminho não devemos parar por nada!” Essa determinação é que faz com que a empresária venha, há quase 18 anos reinventando a Avatim diariamente. “E com esse espírito eu busco inspirar as nossas equipes a se desenvolver, a ser cada dia melhores.”

Para a cabeleireira Kátia Oliveira, as palestras foram um fator motivador. “Foi muito gratificante. Aprendi muito, que não devemos abaixar a cabeça em momento nenhum, não desistir dos nossos sonhos e nem deixar que os outros os limitem. Nós, mulheres, devemos acreditar na gente!”

A mulher no Brasil

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e citada no site do Sebrae, apontou que, embora tenham nível de escolaridade 16% superior ao dos homens, as mulheres continuam ganhando 22% menos que eles. E na hora do crédito, a desvantagem persiste: elas acessam “um valor médio de empréstimos de aproximadamente R$ 13 mil a menos que a média liberada aos homens”.

O presidente do Sebrae, João Henrique de Almeida Sousa, considera o empreendedorismo uma importante alavanca para o empoderamento feminino. Atualmente, 9,3 milhões de mulheres estão à frente de uma empresa no Brasil. O total representa 34% de todos os donos de negócios do país. Os números são do Sebrae, que constatou que o que as leva a empreender é, principalmente, a necessidade de ter outra fonte de renda ou ter independência financeira.


Matéria publicada na edição 407 do Jornal do Sol