Coleta seletiva ensaia primeiros passos em Porto Seguro

 

Porto Seguro não tem um serviço público de coleta seletiva. O espaço destinado ao lixo é inadequado, de acordo com o Ministério Público/BA. Ambos os assuntos já foram abordados pelo Jornal do Sol em diversas edições e a informação por parte do Município é de que a coleta seletiva demanda a existência de uma cadeia produtiva em que haja parceiros que coletem, destinem e transformem o material coletado.

Se a necessidade é de parceiros, o Poder Público já pode sinalizar sua atuação com planejamentos que contemplem a questão, que envolve diretamente educação e saúde da comunidade. Em Porto Seguro, pelo menos duas iniciativas privadas de empresas de coleta seletiva se formaram de um ano para cá. A Ecolife Reciclagem, de Trancoso, nascida durante a pandemia e sobre s qual falamos em uma matéria exclusiva; e a Recicla Porto Seguro, com sede no bairro Paraguai. E existem outras.

 

A Recicla Porto Seguro vai completar um ano de existência, segundo José Nilton, o proprietário. Ele trabalhou algumas vezes vendendo para sucateiros de Porto Seguro mas resolveu abrir a própria empresa. Trabalha com a esposa e afirma que, juntos, diariamente, começando às seis da manhã, coletam papel, metal, eletrônicos e todo tipo de plásticos nos bairros Village, Paraíso dos Pataxós, Mundaí, Centro, Outeiro de São Francisco, Outeiro da Glória, Tabapiri, Mirante e Cambolo. “O material recolhido – afirma - vai para Eunápolis e de lá segue para Vitoria/ES”.

 

Iniciativas na agricultura

Adriana da Rocha, coordenadora do Projeto Selo Orgânico da Secretaria de Agricultura Municipal, defende que a coleta seletiva tem importante papel na preservação ambiental e também na geração de renda. Ela afirma que estabelecer parcerias é fundamental para todo o processo. Na secretaria, trabalha adotando práticas ecologicamente responsáveis.“Estou sempre tentando articular com as pessoas que recebem material reciclado, dentro da proposta agroecológica que eu trabalho. Sempre tive essa preocupação com o meio ambiente e o descarte”. Segundo Adriana, a Secretaria de Agricultura é um dos pontos de coleta de recicláveis, além do Senac e IFBA.

 

Na Câmara Municipal, o Projeto de Lei Nº 006/2020, de autoria da vereadora Ariana Prates institui a coleta seletiva de lixo municipal. O PL foi aprovado em segunda votação em março deste ano, mas aguarda decisão do Executivo. Enquanto isso, o destino do lixo que não é coletado seletivamente é o lixão. A situação tem causado muitos problemas para a população que mora nas proximidades, como Pindorama, Vale Verde, Agrovila e Arraial d’Ajuda. A parte ambiental está toda comprometida, segundo Maurício Magnavita, promotor de Meio Ambiente.

 

Segundo Ariana, o projeto propõe coleta seletiva gratuita em todo o município, realizada por empresa que transformaria material orgânico em adubo e destinaria os outros materiais recicláveis. Além disso “ficaria responsável pelas pessoas que já fazem coleta e vendem para fazer renda, para que eles trabalhem com dignidade”, defende a vereadora e presidente da Casa. “No meu projeto eu deixei o município à vontade para suas decisões, mas se a gente não começar agora, não vai começar nunca. Infelizmente, são poucas as cidades que conseguiram fazer essa mudança. E essa é uma discussão longa. Mas faz-se longo porque não há boa vontade”.