Reparos no Museu de Arte Sacra atraem visitação

Fechado durante três anos por falta de condições de receber visitantes, o Museu de Arte Sacra de Porto Seguro, na antiga Igreja da Misericórdia, na Cidade Histórica, voltou a ser aberto para o público. A iniciativa só foi possível graças a uma parceria que viabilizou a execução de reparos e manutenção em alguns pontos do museu.

A revitalização teve início em maio e é resultado de uma iniciativa do Frei Cristóvão Lima de Matos, que assumiu a liderança da Paróquia Nossa Senhora da Pena em setembro de 2017. Tendo a reforma do espaço como um de seus objetivos, o frei recorreu a algumas instituições como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.

Dentre as parcerias, foi firmado um convênio de gestão compartilhada por cinco anos com a Uneb. De acordo com o professor Francisco Cancela, responsável pelas ações da universidade na parceria e coordenador técnico, nesta primeira etapa, foram tomadas algumas medidas de segurança, como instalação de alarme, câmeras e monitoramento 24 horas, para garantir a proteção do acervo. “O museu possui peças do século XVI e século XVIII, com valor artístico significativo por serem expressão do estilo barroco, ou que são testemunhos vivos da própria história do Brasil, como o São Francisco, que chegou em 1503 para a fundação da primeira igreja erguida no Brasil. Tudo isso traz a relevância desse equipamento”.

Também foram feitas limpeza e manutenção no telhado, higienização e dedetização, para colaborar com o processo de conservação das peças ali existentes. Uma equipe técnica formada pelo coordenador e sete alunos de Pesquisa e Extensão da Uneb, do curso de Turismo e de História, estão envolvidos no funcionamento do museu, aberto de segunda a sexta, das 09h00 às 14h00.

Museu Escola

Às quartas-feiras, o espaço funciona exclusivamente para atender escolas da Educação Básica de Porto Seguro e região, num projeto chamado Museu Escola, transformando o museu em uma verdadeira sala de aula, com atividades de Educação Patrimonial. Além da visitação aberta ao público, atividades de formação, com cursos livres abertos à comunidade, e de formação técnica com a equipe do museu estão disponíveis. A proposta é fazer ainda uma dinamização cultural, com atividades na porta do museu, para evidenciar que o equipamento não é apenas destinado ao visitante turista, mas que pertence à sociedade.

De acordo com Cancela, o convênio é um reconhecimento da Uneb sobre a importância do acervo do museu e da instituição como um espaço de formação, qualificação de mão de obra e campo de pesquisa.“É importante registrar que o museu precisa ser compreendido como espaço de produção do conhecimento, de socialização dos saberes, e, no caso específico do Museu de Arte Sacra da Misericórdia, há uma especificidade por ser detentor de um conjunto de imagens que retratam a história da formação da nossa sociedade e que acabam evidenciando a importância da religião e da religiosidade na vida da população local”.

Novas parcerias

De acordo com o Frei Cristóvão, em reunião com o superintendente do Iphan na Bahia, Bruno César, ficou definida uma visita do Instituto ao museu, no fim do mês de agosto, para uma avaliação técnica. “A avaliação vai dar o diagnóstico mais preciso de como se encontra o estado de conservação, tanto em relação à estrutura quanto às obras de arte, para pleitearmos novos investimentos”.

Os reparos estão sendo feitos aos poucos e o objetivo é viabilizar mais parcerias, inclusive com empresas privadas, que têm seu investimento em cultura revertido em abatimento do Imposto de Renda. Até agora, a Paróquia desembolsou, nesta primeira etapa, cerca de R$ 4.500, segundo o frei Cristóvão. “Estou muito feliz. As pessoas têm demonstrado alegria e satisfação em visitar. Os turistas ficam surpresos com a riqueza que tem lá. O fato de o museu estar funcionando, mesmo com algumas limitações, já é uma alegria especial”.