Saldo da balança comercial pode atingir US$ 35 bi em 2016

O saldo da balança comercial brasileira, resultado da diferença entre as exportações e as importações, atingiu US$ 16,66 bilhões no acumulado do ano até a terceira semana de dezembro. É o melhor desempenho desde 2012, após a reversão do déficit de US$ 4 bilhões registrado no ano passado. O titular do Ministério Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, avaliou o resultado como a consolidação de 2015 como o ano da “virada” da balança. "Esse ano se caracterizou por uma virada da balança comercial. Tudo aponta para que nós vamos fechar o ano com mais de US$ 17 bilhões de superávit", disse.

O ministro estima agora como "valor razoável" um saldo positivo de US$ 35 bilhões em 2016. "Temos a convicção que já em 2016 nós vamos colher resultados ainda mais expressivos", afirmou.

A perspectiva é que os acordos levem a um aumento na venda externa de produtos industrializados - especialmente automóveis, após o acordo de exportação acertado com a Colômbia. “As exportações de manufaturados irão crescer no próximo ano”, afirmou Monteiro.

O ministro apontou a valorização do dólar como uma “janela de oportunidade” para as exportações e disse que, mesmo ante a um cenário de manutenção de queda nos preços das commodities como a soja, o minério de ferro e o petróleo, o Brasil conseguiu ampliar em volume físico o total de produtos vendidos no exterior.

O País ampliou em 9% esse volume, chamado de “quantum” no jargão técnico definido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). “Isso nos coloca melhor do que a média mundial, que foi de crescimento de 3%”, comparou.

Monteiro considerou que este aumento ajudou a minimizar a queda de 14,5% no total importado, juntamente com a retração de 23,9% nas importações. O mesmo fenômeno foi experimentado neste ano por 70 países responsáveis por 90% do comércio mundial, cujo total comercializado caiu 11,2% em exportações e 13,1% em importações, de acordo relatório do MDIC.

Isso fez  com que fosse menos sentida a queda de 19,3% na corrente de comércio externo do Brasil - a soma de importações e exportações, que passou de US$ 445,5 bilhões, em 2014, para US$ 353,8 bilhões até a terceira semana de dezembro deste ano.

O desempenho está ajudando a reduzir o déficit das transações correntes de US$ 104 bilhões, em 2014, para US$ 62 bilhões em 2015. Ou seja, as transações feitas pelo Brasil em dólar no exterior. Significa que o País não vai precisar utilizar suas reservas cambiais para pagar o déficit da chamada conta corrente, formada pelo saldo da balança comercial, da balança de serviços e das transferências externas.

“Todo esse déficit será financiado com investimentos estrangeiros diretos, o que significa dizer que nós não vamos precisar queimar reservas cambiais para financiá-lo. E todas as projeções estão indicando que esse déficit vai melhorar no próximo ano. O déficit para transações correntes deve cair para R$ 41 bilhões em 2016”, afirmou o titular do MDIC.

Saldo dobrado

Armando Monteiro se disse confiante no aumento das exportações no próximo ano, o que deve elevar o resultado da balança comercial para US$ 35 bilhões em 2016 como resultado de acordos comerciais firmados com Colômbia, México e Paraguai.

O ministro avaliou a desvalorização do real ante o dólar como um “realinhamento do câmbio” que deverá servir de lastro para impulsionar a exportação de manufaturados. “Isso é algo que o novo arranjo macroeconômico está nos dando, por que o câmbio é um preço fundamental. Se ele se realinha você passa a ter outra condição. A indústria brasileira padeceu muito nos últimos anos daquele processo de forte apreciação da moeda, que fazia as importações baratas e as exportações caras. Esse processo agora começa a se inverter”, avaliou.

O Brasil negocia ainda parcerias comerciais com Chile e Peru para empresas brasileiras disputarem os mercados de comprar governamentais e de serviços desses países.

Ele afirmou também que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia para eliminar barreiras tarifárias deve ser concluído ainda no primeiro trimestre de 2016.

“Nós temos linhas muito interessantes para atuarmos nesse momento em que o Brasil precisa promover ações para a retomada do crescimento”, disse o ministro.


Fonte: Portal Brasil