Cetas completa 10 anos em Porto Seguro

O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Porto Seguro completou dez anos de atividade. A comemoração foi realizada em dezembro, com visita do presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim e a secretária de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Beatriz Milliet. A unidade é uma das 23 integrantes do instituto, responsável pelo manejo dos animais silvestres apreendidos em ações fiscalizatórias, resgates ou entregas voluntárias de particulares.

A unidade está localizada na BR 367, KM 13, na Estação Ecológica do Pau Brasil, na Ceplac. De acordo com a assessoria de comunicação do Ibama, o Cetas tem em sua história quase 30 mil atendimentos. A informação foi apresentada num balanço dos trabalhos da equipe durante a cerimônia. Eduardo Bimafirmou que a política do Governo Federal é de “tolerância zero com o tráfico da fauna brasileira”.

Tratamento dos animais

Inicialmente, ao chegarem ao centro, os animais passam por um período de quarentena, são avaliados por veterinário, biólogo, analisados quanto ao seu comportamento, recebem os cuidados necessários e, quando possível, passam por um período de fortalecimento e preparação para reinserção na natureza. De acordo com Eduardo Bim, “ainda há uma crença de que quaisquer animais silvestres podem ser criados como pets”. E que o trabalho do Cetas é de acolhimento, reinserção e de educação e que a população precisa “entender os riscos dessa prática, tanto para biodiversidade da região, como para a saúde de quem convive de maneira inadequada com esses animais”.

Também é papel do Ibama, por meio do Cetas, não só receber as espécies, como coibir o tráfico na região e intensificar as atividades com centros de pesquisas locais. Um exemplo de danos que o tráfico de animais pode trazer a região, foi a extinção das araras vermelhas. Atualmente, há um projeto de reintrodução dessas aves na Mata Atlântica do Sul baiano. O Cetas recebe os exemplares resgatados e desenvolve uma metodologia para a reintegração dessa espécie na região.

Resultados das ações

Segundo o Ibama, dos animais já recebidos, cerca de 85% foram reintegrados à natureza. Só de primatas ameaçados de extinção, como é o caso do Alouatta guariba guariba, 25 passaram por reabilitação e soltura. No caso de aves, 700 papagaios-do-mangue foram atendidos por meio do projeto “De volta para casa”. Uma parceria para cuidar de felinos silvestres ameaçados de extinção, permitiu que o Cetas recebesse o gato do mato e o gato-maracajá, com a utilização de técnicas inovadoras para treinamento.

Outros importantes atendimentos foram a participação da reabilitação e soltura de harpias - espécie ameaçada de extinção, em parcerias com o Projeto Harpia na Mata Atlântica. O Cetas já atendeu até animais que não pertencem à fauna brasileira, como o tigre-de-bengala e urso americano, animais utilizados ilegalmente em circos.


Fotos: Vinícius Mendonça/Ibama