Editorial edição 406

A situação política nacional lança centelhas de apreensão acerca do futuro reservado às crianças e adolescentes do nosso país. Pesquisa realizada pela Cruz Vermelha do Brasil em 13 bairros do chamado Complexo Bahianão, associada com dados do Censo Demográfico 2010 do IBGE, conclui que a família de Porto Seguro está empobrecida e em risco social.

Nessa região, a maior necessidade apontada pelas famílias com crianças de três a seis anos de idade, é de creches, que ofereçam, além de abrigo, descanso e alimentação, serviços de cultura, lazer e educação.  Na área social, os entrevistados priorizaram o esporte e o ensino de valores familiares para os menores. Um dado chocante que aparece nos depoimentos da comunidade é a preocupação sobre o fato de haver crianças de cinco e seis anos de idade com armas nas mãos.

Com relação às crianças de sete a 12 anos de idade, os entrevistados mencionaram a necessidade de tirá-las das ruas. Para eles, a solução seria o ensino integral para esses meninos e meninas. E indicaram cursos básicos como prioridade dentro das ações sociais, e, em seguida, mais uma vez, a prática de esportes.

De acordo com a Cruz Vermelha do Brasil, a maior preocupação dos adultos quando questionados sobre as necessidades dos adolescentes de 13 a 18 anos, é em relação às oportunidades de trabalho. Ou seja, os entrevistados se mostraram convictos de que adolescente tem que aprender a trabalhar, e para eles, o melhor caminho para isso é através da disponibilização de cursos profissionalizantes para esses seres humanos em plena formação.

A pesquisa d CVB revela ainda que nessa periferia de Porto Seguro, uma cidade jovem - ao contrário do restante do Brasil, em que já se enxerga o envelhecimento da população – 80% da população que conseguiu um lugar no mercado de trabalho, recebe até dois salários mínimos.

É uma incoerência constatar que nosso país, ao mesmo tempo em que ostenta o título de 7ª economia mundial, está na 79ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede o progresso dos países em saúde, educação e renda. Ou seja a renda gerada pelo Produto Interno Bruto, não chega aos setores menos privilegiados da população. E retorna  para os mas privilegiados em forma de violência e ameaça às liberdades individuais.