Editorial edição 410

O final de mais uma movimentada temporada de julho em Porto Seguro traz à tona uma reflexão sobre um tema que abala as estruturas de diversos segmentos do trade turístico local: o grande movimento de turistas jovens, estudantes de escolas de todas as regiões do país. Há vários anos esse público responde por uma expressiva fatia de ocupação, que incialmente se concentrava no mês de outubro, na chamada “Semana do Saco Cheio” e com passar do tempo se estendeu por todo o mês, quando o movimento para diversos empreendimentos já se equipara ao da alta temporada.

Com um calendário de férias escolares diversificado pelo país afora, o mês de julho em Porto Seguro também passou a se traduzir em altos índices de ocupação, proporcionados por essa importante fatia de mercado. Não dá para dispensar esse filão de turismo, que movimenta hotéis, bares, restaurantes, lojas, supermercados e engorda o faturamento de operadoras, como a Forma Turismo, que surfou nessa onda e hoje é uma das principais responsáveis pela chegada de grandes levas de aprendizes das boas coisas da vida.

Um perfil de cliente que exige atenção e cuidados especiais. Pela preservação da boa imagem do destino e também pela segurança desses jovens, que aproveitam essa viagem – para muitos, a primeira sem a presença dos pais – para viver experiências próprias da idade. Sem que para isso precisem se expor a situações traumatizantes e perigosas. Como um atraente destino de lazer que se preze, Porto Seguro oferece muito sol, lindas praias, festas de domingo a domingo, gente bonita, gastronomia variada e muito encantamento.   

O que não significa se enveredar pelas vias tortas de ostentar a pecha infame de reduto da primeira transa, do primeiro porre e do contato com o primeiro baseado. Preocupados com essa imagem, que não corresponde necessariamente à realidade e imbuídos da responsabilidade de fazer cumprir a lei, operadores de turismo, poder público municipal, Ministério Público e Juizado da Infância e Adolescência vêm se movimentando.

Nessa esteira, até o nome da Passarela do Álcool foi alterado por lei, para Passarela do Descobrimento. Nas festas, operadores já identificam seus clientes menores de 18 anos com pulseiras de cores diferentes e até revistas nas malas estão sendo feitas por muitos hotéis, para impedir que os adolescentes transportem bebidas alcoólicas. Nesta edição do Jornal do Sol, o comandante do 8º BPM também fala do cerco que está sendo fechado contra os estabelecimentos que insistem em comercializar bebidas, fechando os olhos para a idade dos clientes.

Enquanto a ética e o respeito às leis não falarem mais alto que a ganância, toda a prosperidade da cadeia que lucra às custas desse mercado e o próprio bem estar desses jovens clientes estarão sendo colocados em risco.