Editorial edição 423

Publicado na edição 423 do Jornal do Sol

O feriado de sete de setembro em Porto Seguro trouxe um refresco fundamental para empresários e trabalhadores, apreensivos com os efeitos da pandemia para o futuro turístico da cidade. Porto Seguro provou que continua no pico do desejo de visitantes de todo o país. Por outro lado, acendeu o alerta sobre o perigo de se menosprezar os riscos de uma doença, que não está controlada e continua sendo uma ameaça para o turismo e todas as atividades econômicas nessa terra de meu Deus.

Dados da Secretaria de Saúde apontam para uma queda no número de casos da Covid-19 e uma possível estabilização dos índices de contaminação. Mas isso, nem de longe, protege ninguém, nem elimina o risco de contágio e de morte, sobretudo para os pacientes com comorbidades, que no caso de Porto Seguro, respondem por 100% dos óbitos. Ou seja, ainda não é hora de abrir mão dos cuidados sanitários, sob pena de retrocesso na liberação definitiva da cidade, com suas praias e serviços, para os turistas.

É compreensível que após quase seis meses de fechamento de hotéis, bares, restaurantes e demais segmentos do comércio, em Porto Seguro e no resto do Brasil, as pessoas estejam ávidas por sair de casa, viajar, encontrar amigos, se divertir, voltar a viver.  E foi o que se viu em Porto Seguro no feriado, em uma mistura de euforia e inquietação. Praias lotadas, carros e mais carros pelas ruas, bares fervilhando, hotéis voltando a pulsar. Para anuviar o cenário, aglomeração total e quase todo mundo sem máscara.

Relatos de donos de hotéis davam conta de que a maioria dos turistas se recusava a usar a máscara. “Estavam cansados desse incômodo”, alegam. Alguns desses anfitriões espalharam cartazes pelos corredores, botaram a culpa nas exigências da prefeitura, deram seu jeito de dar o recado sobre a importância do cumprimento dos protocolos de saúde. Outros fizeram vista grossa. “Se a gente não aceitar, outros aceitam”, argumentam os empreendedores ávidos pelo incremento do caixa. Houve até casos de embates agressivos entre visitantes e seguranças que defendiam a lei e o bom senso.

Teve gente que foi às lágrimas de emoção com a retomada. Mais que a alegria de ver a cidade movimentada e pujante, veio a confirmação daquela esperança depositada, de que de tudo isso vai passar. É a volta por cima. É liberdade e sonho, que não podem virar pesadelo.