“Coronavírus”- O alerta: somos muitos fracos

Publicado da edição 419 do Jornal do Sol 

Numa floresta da China, foram encontrados morcegos que suscitaram o interesse de cientistas. Foram levados a um laboratório de pesquisas da cidade de Wuhan.  Foi detectado que tinham o vírus Covid 19, muito perigoso. Por fatalidade, descuido ou outros motivos, este vírus, saiu do laboratório começando a se espalhar pelo mundo afora, debilitando milhões de pessoas, matando, sobretudo idosos. Pior, não se tem ainda remédios para se defender.  

As grandes conquistas da humanidade serão abaladas

A conquista do espaço e de outros planetas vai ser condicionada, o domínio do dinheiro vai ser modificado e deverá servir sobretudo para se defender deste vírus e não apenas para produzir mais riqueza. A ciência será obrigada a se afastar das custosísimas pesquisas sobre átono, robótica, como se tornar “imortais”, prolongar a vida, a beleza, a forma física. Tantas fortunas, sejam públicas ou privadas, serão obrigadas a serem repartidas para garantir a saúde e a vida dos mais pobres.

A lição do “Covid- 19”

Quem, tendo tanto e tanto dinheiro, fábricas, carros, aviões e navios percebe que talvez pode estar incapacitado de se livrar desta infecção; quem precisar de cuidados especiais, quem inclusive está correndo risco de vida, deve se sentir traído por esta sociedade do bem estar, enquanto um vírus, uma minúscula célula, determina a mudança de toda a convivência humana.

Tem muito de errado na nossa sociedade

Se e quando uma pessoa vive mal, todos estão mal. Não dá para se sentir bem se outros passam mal. O mal estar de um deve se tornar o compromisso de todos para que ele volte a estar bem. Precisa investir mais e mais em pesquisas, na busca do bem de todos, pois quando é o dinheiro a determinar que...vendendo armas se lucra mais, não teremos paz. Temos que entender que a saúde de cada um é a saúde de todos.

A força do homem e da mulher, nesta terra criada para ser abrigo de todos, está na saúde, no bem estar, na felicidade de todos. A fragilidade de uns, se vence quando todos somos fortes e unidos.  Todos os males da terra provêm da desigualdade, pois ninguém tem a vocação de ficar para baixo; todos têm o direito de viver dignamente. É a falta de uma vida digna para todos que gera ladrões, assassinos, corruptos; e as diferencias sociais são a fonte da nossa fraqueza.

Ninguém pediu para nascer, mas quando gerado, deve ter uma vida digna e quem favorece a desigualdade é o responsável por todos os males do planeta. Se é ladrão quem arromba um cofre, também quem transporta o dinheiro e quem favorece a circulação ilícita. É terrorista não apenas quem atira, como quem produz e vende armas.

Agora o “Covid-19” obriga a fazer investimentos astronômicos para vencer a pandemia, mas talvez os investimentos em armas vão continuar a ser ainda maiores. Muito maiores do que os investimentos em pesquisas para achar a vacina contra o corona vírus. Precisamos nos preocupar com esta pandemia, mas também nos preocupar em mudar a maneira de conviver nesta terra. Valorizar o estudo, a pesquisa e sobretudo a convivência, a fraternidade, a misericórdia deve ser o compromisso de todos.  Quem acredita que estas sejam apenas virtudes espirituais ou religiosas, agora sabe que a falta destes valores compromete também quem se proclama ateu. Viver numa sociedade de inimigos, rivais ou indiferentes compromete o sistema social de toda a humanidade. Ou se muda ou se morre.


Antônio Tamarri é professor de História e Teologia