Alunos da UFSB pesquisam causas de acidentes no trânsito em Porto Seguro

(Da esq. p/ a dir.) Paulo José, Gustavo de Almeida, Ruan Gomes, Beatriz Nunes, Aline Rafaelly e Naynne Ribeiro, integrantes do grupo em ação de conscientização na UFSB

Em alusão ao Maio Amarelo, quando se intensificam as campanhas de trânsito no Brasil, seis alunos da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Campus de Porto Seguro, tiveram a iniciativa de fazer um levantamento sobre acidentes no trânsito em Porto Seguro num contexto social, econômico, político e cultural da sociedade contemporânea, comparando essa problemática local com outras cidades do mundo.

Sob a supervisão da professora Alessandra Buonavoglia Costa Pinto, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Educação Ambiental, e elaborado pelos universitários Aline Oliveira, Beatriz Lopes, Gustavo de Jesus, Naynne de Oliveira, Paulo José Tavares e Ruan Santos, o trabalho mostra que no Brasil, os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de morte por causas externas, perdendo somente para as agressões. 

O estudo também ressalta que os acidentes de transportes terrestres se transformaram num problema de saúde pública que deve ser prevenido de maneira prioritária, já que são responsáveis por um número muito alto de mortes e sequelas físicas e psicológicas. Tanto nacional quanto mundialmente, o público mais atingido é o de jovens e adultos do sexo masculino, com até 39 anos de idade.

Porto Seguro foi analisado por meio de dados coletados no site da Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde da Bahia, sobre a taxa de mortalidade no município. Entre 2013 e 2017, as causas externas corresponderam à primeira causa de mortalidade no município. E os Acidentes de Transportes Terrestres (ATT), dentro das causas externas, assim como no Brasil, são a segunda causa de mortalidade na cidade, abaixo apenas das agressões.

Pelo levantamento, nesse período foram registrados no município 944 mortes por causas externas (25,8% das mortes totais relatadas). Deste total, 134 óbitos foram por ATT, ou seja, 14,3%. Os números confirmam que as principais vítimas são homens de 15 até 39 anos. Conforme os dados disponíveis desde o ano 2000, essas características se mantêm desde aquele ano, o que aponta um quadro peculiar, endêmico, típico de Porto Seguro.

No trabalho, os alunos ressaltam que o contraste entre o crescente movimento migratório e o desenvolvimento insuficiente da infraestrutura urbana levou a uma série de problemas sociais. Aumento da frota de veículos, más condições das vias, falta de fiscalização e impunidade para os transgressores são fatores que, segundo a pesquisa, contribuíram para o aumento dos ATT. De acordo com a pesquisa, Porto Seguro, cidade pacata até a década de 70, abriu espaço para uma afluência cada vez maior de pessoas e serviços com a revitalização da BR 101 e a abertura da BR 367.

Imprudência e bebedeira

Em conversa com o superintende de Trânsito, Paulo Souto, da Secretaria de Trânsito e Serviços Públicos de Porto Seguro, os alunos afirmaram que este atribui à falta de educação da população grande parte da culpa pelos acidentes de trânsito. “Em primeiro lugar é a imprudência, em segundo, as condições das vias. Hoje, por exemplo, a Orla Norte tem um quantitativo muito grande de acidentes, principalmente causados por motoqueiros que fazem ultrapassagens na contramão, pelo acostamento ou passam pela calçada”. Ele afirma ainda que na Orla Norte ocorrem mais acidentes que no trecho da BR que liga Porto Seguro a Eunápolis. E justifica: “na Orla tem vários restaurantes, cabanas, bares. E normalmente quem vai para a praia bebe. A maioria dos acidentes que acontecem na Orla Norte, quando não são causados por motoqueiros, são causados pelo consumo excessivo de álcool”, atesta.

Além de registrar os dados, os estudantes, que contaram com o patrocínio da Loja Maçônica Obreiros do III Milênio de Porto Seguro distribuíram panfletos pela UFSB e pela cidade com o foco na conscientização sobre o trânsito.

 

Legenda da foto: (Da esq. p/ a dir.) Paulo José, Gustavo de Almeida, Ruan Gomes, Beatriz Nunes, Aline Rafaelly e Naynne Ribeiro, integrantes do grupo em ação de conscientização na UFSB