Editorial edição 404

As enormes filas nas balsas, bancos e mercados; praias lotadas e o grande volume de veículos no Centro e Orla Norte da cidade elevam ainda mais a temperatura do Verão em Porto Seguro.  Bem-vindos, turistas, sempre! É inegável, entretanto, que a superlotação da cidade exacerba algumas mazelas que nos afligem o ano inteiro e cujas cores são realçadas nesta época do ano. Como o caos no trânsito.

A começar pelo centro da cidade, onde faltam vagas para estacionamento e sobram desorganização do poder público e imprudência por parte dos próprios cidadãos. Os donos de lojas nas ruas centrais se encarregam de estacionar seus veículos em frente a seu próprio comércio, durante o dia inteiro, reduzindo ainda mais as opções de espaço. Quando não adquirem cones e fitas, impedindo o acesso dos clientes e criando regras, à revelia das leis e do bom senso.

Em Arraial d´Ajuda, onde a comunidade vem tentando ajudar a disciplinar a situação, com o fechamento da Rua do Mucugê e a proibição do trânsito pesado nas ruas centrais, são enormes também as dificuldades de locomoção. Ruas estreitas, falta de alternativas para escoamento do trânsito e de novo, a omissão do poder público contribuem para aumentar a sensação de caos. Para piorar flanelinhas e pessoas que se acham os donos da rua cobram por vagas e criam suas próprias leis, gerando situações embaraçosas, que clamam pela intervenção disciplinadora do poder público.

Em Porto Seguro, os constantes engarrafamentos na Orla Norte geram transtornos e perdas de tempo injustificáveis. Um problema que persiste há anos e que já poderia ter sido solucionado ou amenizado com um mínimo de boa vontade por parte do poder público. Uma alternativa plausível e nem tão onerosa, e que, apesar de cogitada inúmeras vezes, nunca saiu do papel, seria a pavimentação da Rua do Telégrafo, paralela à avenida Beira Mar, que poderia absorver grande parte do fluxo de veículos.

Assim, um dos principais cartões postais de Porto Seguro acaba refletindo a imagem da balbúrdia. São quilômetros e quilômetros de filas, com ônibus, motos, carros de passeio e veículos de aluguel tentando um jeito mais rápido de chegar a seu destino. E muitas vezes apelando para subterfúgios nada louváveis, como as ultrapassagens pela direita e a utilização do acostamento, colocando em risco a vida de ciclistas e pedestres e criando situações ainda mais desfavoráveis.

Não é atribuição exclusiva do poder público promover o bem da coletividade, mas como disse a cantora Elba Ramalho, sozinha a comunidade não se organiza. Cabe então à Prefeitura e aos governos estadual e federal assumir a parte que lhes cabe nesse latifúndio.