Editorial edição 407

 

Muito discutida atualmente pelos poderes públicos e pela sociedade organizada a questão da mobilidade urbana vai ganhando cada vez mais espaço. O crescimento das cidades, a falta de planejamento dos espaços públicos e o aumento do número de veículos exacerbam os problemas urbanos, com reflexo direto no tempo gasto pelas pessoas para se deslocar nas cidades, o que acaba trazendo também graves consequências para a saúde.

Para piorar a situação, falta nos motoristas e pedestres educação para o trânsito, respeito ao próximo e uma certa dose de gentileza, que poderiam contribuir para amenizar o caos nos centros urbanos. Mas se até Porto Seguro, uma cidade de pequeno porte, não escapa a esse grave problema que aflige o mundo moderno, nas metrópoles, o ir e vir de casa para o trabalho virou um tormento, comprometendo a qualidade de vida.

Nas grandes cidades, onde o carro é o principal vilão, a média é de um automóvel para cada 4,4 habitantes. O resultado são engarrafamentos constantes; aumento do índice de acidentes, com mutilações graves ou mortes; oferta insuficiente de transporte coletivo para atender o excesso de passageiros e poluição do meio ambiente. Se sobra tempo no engarrafamento, falta tempo para buscar o filho na escola, curtir um jantar com a família e outras atividades de lazer ficam prejudicadas.

Esse stress no trânsito tem levado muita gente a buscar ou ao menos sonhar com uma vida mais tranquila em uma cidade menor, como a nossa Porto Seguro. Sim, nós temos mais qualidade de vida. Mas estamos muito aquém de um modelo urbano que ofereça acessibilidade, segurança, eficiência, dinamismo econômico, além de inclusão social e preservação do meio ambiente.

Em se tratando de pessoas com deficiência física então, as dificuldades são infinitamente maiores. Para elas, parte do conjunto de soluções para obter um espaço público mais acessível necessitaria de calçadas confortáveis e niveladas, sem buracos ou obstáculos; ruas com marcações para deficientes visuais; corrimão e outras alternativas que permitissem o deslocamento seguro e estável.

Estamos longe disso, entretanto, os novos projetos de readequação das barracas de praia da Orla Norte sinalizam para um grande avanço, trazendo esperança para essas pessoas. Caso os projetos saiam mesmo do papel, elas poderão usufruir de pequenas grandes conquistas, como circular pelo interior das barracas de praia e até tomar um refrescante banho de mar.