Éder Rodrigues, mineiro radicado na Bahia, é poeta, artista e professor da Universidade Federal do Sul da Bahia, onde coordena o curso Artes do Corpo em Cena, do Centro de Formação em Artes. Em dezembro de 2020, lançou o livro de poesia intitulado "O Infindável Museu das Coisas Efêmeras" e, neste momento, amplia a divulgação da sua obra na Bahia e também fora do Brasil. No mês de maio, o livro foi lançado junto ao Camões Instituto da Cooperação e da Língua, na República do Cabo Verde, África.
"O Infindável Museu das Coisas Efêmeras", com publicação pela Editora Telucazu,tem 128 páginas e ilustrações de Cláudio Zarco. O autor afirma que o principal motivo que o levou a escrever o livro foi o de “ressignificar a ideia de museu a partir de uma obra literária capaz de desafiar a eternidade das coisas, no caso, justamente com um museu poeticamente inventado para reunir a efemeridade da existência. É capturar o incapturável”, resume.
O livro, lançado pela internet, devido à pandemia de Covid-19, teve a intermediação do escritor cabo-verdense Salif Diallo Silva, e performance poética da cantora Loa Luz, de Porto Seguro. A experiência, segundo o autor, une leitores do Brasil e de Cabo Verde em torno da obra. Ele diz que “tudo o que transborda, o que escapa, o que escorre, o que de nós se dilui com o tempo, faz parte deste museu. O efêmero cria traços e marcas tão impactantes em nossas vidas, assim como as coisas que vão se eternizando na memória. Os poemas estão interligados por um fio condutor efêmero que atravessa e é atravessado exatamente por este traço transitório, provisório, finito”.
O objetivo é elevar ao máximo da potência a experiência sensível que uma obra é capaz de provocar. “Acredito piamente que a experiência do sensível é a única capaz de ressignificar o mundo, o outro e nós mesmos. Este museu foi criado para abrigar a efemeridade das coisas, ainda que o ato de reter o inapreensível desafie a nossa própria existência. O ofício de reunir, conservar e expor foi seguido à risca. Já a maneira de concretizá-lo, não”, filosofa.
O museu oferece múltiplas narrativas, itinerários e sopros. Ao serem tocadas, as peças do acervo se desmancham. Dentro dele, as coisas nunca estarão no mesmo lugar de antes. “A sombra das obras expostas vale mais que suas supostas presenças. O que se mostra frágil é apenas um reflexo do que parece”. Segundo Éder Rodrigues, “este museu surgiu para preservar a natureza efêmera de tudo aquilo que, por não criar essa casca apelidada de memória, deixa de cicatrizar na gente”.
Éder Rodrigues se dedica à arte da escrita há mais de quinze anos. Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais, é graduado pela Faculdade de Belas Artes da UFMG. Ganhou projeção após receber os prêmios Josué Guimarães de Literatura (2009), que difundiu sua obra na Espanha e Portugal; Off Flip de Literatura (2017 e 2014); Carlos Drummond de Andrade de Poesia Sesc/DF (2011 e 2010); Femup e o Funarte de Criação Literária (2014 e 2010), dentre outras premiações importantes do circuito nacional de festivais e feiras literárias.
Pela autoria do seu último livro “Três Vírgula Quatro Graus na Escala Richter” foi finalista do Prêmio Guarulhos de Literatura em 2019. É autor de mais de 15 obras do gênero dramático. Recebeu o Prêmio Sesc/Sated de melhor texto teatral do ano (2011) pela autoria da peça “A Pequenina América e sua avó $ifrada de escrúpulos”, dirigida pela chilena Sara Rojo e que se tornou uma referência da dramaturgia latino-americana contemporânea. O autor integra diversas antologias e também se dedica à literatura infanto-juvenil, com cinco publicações.
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