“Retomada do turismo pode começar pelo regional”

Publicado da edição 420 do Jornal do Sol

Para fundador da CVC, atividade vai começar a se recuperar em três a quatro meses

O turismo foi um dos setores mais ressentidos diante da crise provocada pelo Coronavírus na economia de Porto Seguro e do país. Assim mesmo, o empresário Guilherme Paulus, fundador da CVC - uma das maiores operadoras de viagens do mundo, com mais de 1.400 lojas em todo o Brasil – se mostra otimista diante da crise. Para ele, com muito trabalho e dedicação ao cliente, o setor vai começar a sentir melhoras em 90 ou 120 dias.

As formas de superação da crise e a retomada do turismo em tempos da Covid-19 foram temas discutidos durante a live realizada ao vivo através do Instagran da Lab Turismo, dia 20 de abril. No encontro, Richard Alves, sócio fundador da empresa - que atua no desenvolvimento de soluções para gestão de destinos e empresas turísticas - e diretor do Grupo GPS de Hotéis e Resorts, conversou com Guilherme Paulus, considerado o principal empresário do setor de turismo no Brasil.

No comando de 10 hotéis próprios no país, Paulus está à frente do GJP Construtora e Incorporadora, responsável por condomínios de alto padrão e hotéis-boutique. Ele também é membro da Câmara Temática de Marketing do Ministério do Turismo, vice-presidente do Conselho de Administração do São Paulo Convention&Visitors Bureau e presidente do Conselho Deliberativo do Visit Iguassu.

Foco no regional

Paulus afirma que a retomada será gradativa. Ele acredita que começar pelo turismo regional é uma bela oportunidade de alavancar a atividade e que os transportes passarão por transformações, destacando a necessidade de inovações na área.“Temos grandes empresas de transporte rodoviário até mais confortáveis do que aviões”, avalia. Mas para o empresário, receptivos e rodoviárias deverão dar mais atenção ao turista que vai viajar de ônibus.

Guilherme lembrou de quando iniciou as atividades na região Sul e Extremo Sul da Bahia, citando os aviões usados em voos charters para transportar turistas, que faziam escala em outras cidades. “Era num Fokker 50, mas com 49 lugares, divididos entre três operadoras. Os turistas iam para Ilhéus, e enquanto aguardavam as escalas, , visitavam a cidade, pegavam ônibus e depois seguiam para Porto Seguro. Nas estradas, por vezes, junto com Adriano, da AR, tínhamos que parar para tapar buracos. Era uma epopeia”, afirma, entre risos.

Guilherme Paulus observa que o turismo movimenta cerca de 52 setores da economia. Dentre outros, cita agentes, companhias de transporte e hotelaria. “O agente de viagem é o entabulador de tudo, que inicia e fecha as negociações, o contato com o cliente. Não pode ter medo de recuar. Se tiver de ser, vá para o homework e trabalhe para voltar com uma qualidade ainda melhor. As agências devem começar ativando sua carteira de clientes, indo até eles”, ensina. Paulus entende que deve haver compreensão de que “ambos os bolsos encolheram” – o do setor e o do cliente.

Companhias aéreas

Para as companhias aéreas, essa retomada vai ser mais lenta, gradativa, acredita Paulus e o primeiro a se reerguer será o turismo corporativo. Medidas para reaquecimento do setor são as tarifas de charter e pacotes turísticos fortes, atraentes. “Haverá um grande movimento no turismo interno. O Brasil é uma enciclopédia para o turismo”, aposta. Para Porto Seguro, Guilherme Paulus sugere pacotes que atraiam as famílias de jovens que, num passado recente, eram os clientes da Semana do Saco Cheio. “Hoje estão casados, têm filhos e podem voltar para a família conhecer o destino”.

O empresário enfatiza a importância dos conventions bureaus na captação de eventos, que agregam rapidamente ao setor do turismo. Segundo ele, 60% do movimento é gerado pelo turismo corporativo, 30% por turistas de lazer e 10% por passantes. Ele salienta que como todos os setores, a hotelaria tem que se reinventar, qualificar. “As pessoas têm que ter mais e melhor do que elas têm em casa. Da limpeza ao café da manhã”.

Para Richard Alves, tranquilidade e paciência são fatores fundamentais para a retomada. Ele acredita no potencial do setor. “O Brasil e Porto Seguro vêm oferecendo maior qualidade de turismo. Temos um trade preparado para esta retomada. Temos uma estrutura e uma inteligência instalada”.

Paulus conclui que com a Covid-19, o mundo todo ficou diferente. “Este é um momento de reflexão e planejamento. Não é fácil, mas tem que tirar uma hora do dia para saber como vamos sair dessa. A demanda vai vir com muita força, desde que a gente trabalhe e se planeje”, profetiza.