Editorial edição 427

Publicado na edição 427 do Jornal do Sol

Porto Seguro é realmente um fenômeno no mundo das viagens. Um verdadeiro case, de fazer inveja aos mais cobiçados destinos turísticos do Brasil. Como todos os recantos praieiros do planeta, não passou ileso aos estragos provocados na economia pela pandemia do Coronavírus. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), 2020 foi o pior ano da história do turismo internacional. A entidade avalia que o setor retrocedeu a níveis de 1990. De janeiro a outubro de 2020 o setor perdeu 900 milhões de viajantes em comparação com o mesmo período de 2019.

O Réveillon de 2021 mostrou a dimensão do fôlego de Porto Seguro, que apesar da redução do número de turistas em relação aos anos anteriores, sentiu a economia pulsar novamente. Hotéis praticamente lotados, filas gigantescas nas balsas, barracas de praia com todas as mesas ocupadas, engarrafamentos na Orla, enfim, os turistas voltaram. E com vontade.  Porém, as expectativas positivas para o começo de 2021 foram derretidas por uma nova escalada de contaminação do vírus no país.

A chegada das primeiras doses da vacina no Brasil e em Porto Seguro injetou um novo ânimo e aumentou as esperanças da população no sucesso da guerra contra a pandemia. Mas enquanto a imunização não alcança toda a população, a OMT avisa que a recuperação do setor, mesmo após a vacina, será lenta e gradual, ou seja, existe ainda um longo caminho a ser trilhado. Turistas, moradores e empresários de Porto Seguro merecem essa chama de esperança, sem se esquecer, porém, que a pandemia não acabou e que os cuidados precisam continuar.

Aglomerações de pessoas sem máscara, que marcaram a virada do ano e continuam sendo um retrato da falta de senso de coletividade em bares de Porto Seguro, Arraial d´Ajuda e Caraíva, ainda não são recomendadas. Lideranças do segmento turístico avaliam que o turismo vai começar a andar a passos mais largos em destinos que já tenham uma campanha de imunização e estratégias seguras para receber os visitantes, especialmente os estrangeiros.

Tudo indica que o processo que levará a vacina a todos aqueles que desejarem, ainda vai demorar Brasil, em função do tamanho do país, da falta de planejamento e da escassez de matéria prima para fabricação do imunizante. A intenção das pessoas de viajar é grande e a demanda reprimida existe, mas nem todo mundo arrisca se jogar em um destino, onde a questão da saúde não é prioridade. E o Brasil precisa se ligar nisso, pois turismo não é para amadores.