Editorial edição 430

Depois de um Verão literalmente aquecido em Porto Seguro, ninguém escapa agora aos efeitos indigestos da combinação baixa temporada + pandemia. O otimismo diante do tradicionalmente concorrido feriado da Semana Santa foi arrefecido com as quedas nas taxas de ocupação, em relação a anos anteriores. Descontados os empecilhos criados pela Covid-19, a classe hoteleira trabalhava com a estimativa de uma taxa de ocupação média de 50, 60%. Para muitos esse percentual ficou na casa dos parcos 20, 30%.

Somaram-se à insegurança das famílias, de deixarem suas casas em plena pandemia, as incertezas quanto à abertura das praias e o funcionamento dos diversos equipamentos que dão suporte à atividade turística, como bares, restaurantes, barracas de praia, passeios de escuna, parque aquático, e todos os demais serviços. Independente da discussão sobre a eficácia dos toques de recolher e lockdowns para evitar a proliferação da doença, decretos governamentais lançados de última hora e sem divulgação prévia contribuíram para aumentar o clima de hesitação entre os potenciais visitantes que vislumbravam a possibilidade de pegar a estrada ou voar.

Mais uma sequela do agravamento da situação da Covid-19 pelo país foi traduzida através de um comunicado enviado pela Gol Linhas Aéreas a seus clientes, afirmando que “a pandemia atingiu seu auge no Brasil” e que os desafios impostos por ela “seguem intensos e imprevisíveis, exigindo medidas compatíveis com esse cenário”. Em função disso, a empresa informa que todos os clientes com voos marcados entre os dias 01/04 a 23/05 devem obrigatoriamente remarcar seus bilhetes. A Gol reconhece os transtornos que essa medida acarreta, para a própria companhia e para seus clientes, mas reitera que é a decisão mais apropriada para o momento.    

Mais uma ducha de água fria, em um momento onde empresários enfrentam dificuldades para arcar com os custos de impostos, funcionários, água, luz, telefone e insumos. E quando começam a ser descontadas as parcelas dos empréstimos concebidos para lidar com os efeitos do início da pandemia. Entre trabalhadores informais e desempregados, a situação é mais grave ainda, especialmente em Porto Seguro onde centenas de pessoas se lançavam todos os dias nas areias das praias em busca da sobrevivência. Segundo dados da Secretaria de Assistência Social, 18 mil cidadãos vivem hoje na cidade com renda menor que R$ 100.

Apesar das dificuldades, o mês de julho reacende a esperança na volta dos turistas, inspirados pelo aumento das taxas de vacinação, pela vontade de viajar e pela saudade de Porto Seguro, um destino único - rico em história, natureza e hospitalidade.


Publicado na edição 430 do Jornal do Sol

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