A elegância do comportamento

Publicado na edição 420 do Jornal do Sol

Embora pareça, isso não é um deja vu. A última coluna do ano passado, falava sobre a elegância da alma. Essa, sobre a elegância do comportamento. São complementares. Acredito que uma não exista sem a outra. À época, decidi sobre essa pauta porque o momento era propício: fim de ano, hora de revermos comportamentos, sentimentos; de repensarmos e refletirmos acerca de atitudes e modo de viver.  

Agora não é diferente. Estamos em meio a uma pandemia de um vírus que virou tudo de ponta cabeça. Fechou as fronteiras e comércios. Trancou todo mundo dentro de casa. Deixou muita gente sem emprego e sem ter o que comer. Agravou a situação de quem já vivia em total desamparo. Gerou crises políticas e econômicas. Tirou e continua tirando vidas. Daí vocês podem me perguntar: mas Mariana, o que esse caos enfrentado pela humanidade tem a ver com a elegância de comportamento? E eu lhes digo: muita coisa.

É justamente em momentos como esse que podemos observar as atitudes. É um laboratório e tanto para estudo. Sabem por quê? Porque as mazelas da alma humana são expostas em situações adversas. Quando o “salve-se quem puder” se instala, é que percebemos o quanto podemos ou não ser solidários às dores dos outros. E é justamente aí que entra a elegância do comportamento.

E cabe para tudo na vida. Cabe para a convivência, para os negócios, para as relações interpessoais ... Não chego a ser uma expert no assunto, me considero mais uma entusiasta das relações humanas, mas se tem uma coisa que eu entendo é sobre sentir. Eu sinto muito, tudo, o tempo todo, sou realmente intensa em tudo que falo e faço. Por conta disso e de outros “detalhes” técnicos, tem uma lista bem longa do que considero como elegância de comportamento.

Elegância de comportamento é entender a dor alheia sem julgar. Mais que entender, é acolher essa dor. Elegância de comportamento é não fechar os olhos para aquilo que está acontecendo simplesmente porque não te atingiu diretamente.  É ser solidário com a necessidade dos demais. Seja ela de alimento, seja ela de uma palavra de apoio. Elegância de comportamento é não entrar em brigas desnecessárias. Tipo aquelas em que a pessoa não está disposta a entender seu ponto de vista, nem respeitar sua opinião. Política, religiosa, filosófica, seja o que for. Sempre valerá a máxima: melhor ter paz do que ter razão...

Elegância de comportamento é não tentar tirar proveito de uma situação que já está bem difícil pra todo mundo. Elegância de comportamento é auxiliar o próximo naquilo que você puder, da forma que você puder, sem esperar nada em troca. Melhor, sem pedir nada em troca! Condicionar caridade a algo que venha a ser proveitoso pra você ou para a sua “imagem”, não é caridade. Nem é bonito. Elegância de comportamento é abrir mão do individual em nome do coletivo, afinal, vivemos em sociedade! Já dizia o poeta: É impossível ser feliz sozinho...”

Elegância de comportamento é respeitar o trabalho do outro, principalmente se ele está abrindo mão de muita coisa pra executar aquele trabalho em prol dos demais. Elegância de comportamento é respeitar regras. Elegância de comportamento é respeitar o direito alheio, seu espaço e sua vida. Enfim, em tempos complicados como esse, elegância de comportamento é sobretudo respeitar a vida do seu irmão. Cuidem-se. Por vocês, pelos seus, pelos outros. Seja você a mudança que quer ver no mundo.


Mariana Guerra é uma mineira que mora na Bahia e consultora de imagem