Usada como meio de transporte há três mil anos, a canoa havaiana tem a sua origem na Polinésia. Como esporte, a modalidade desembarcou na Europa e nas Américas, e vem ganhando cada vez mais adeptos aqui, inclusive na Terra Mãe do Brasil, tanto para a prática, quanto para a diversão.
Na orla de Porto Seguro e seus distritos, bem como nas cidades da região, as manhãs começam cedo para os praticantes. Muitas vezes, o sol nem raiou e já tem remada. Mas o que faz esse esporte ter tantos adeptos? A resposta é simples. Ele alia diversão, lindas paisagens vistas de um ângulo bem diferentes, é um esporte bem completo e complexo, além de promover a socialização e o trabalho em equipe, já que a sincronia nos movimentos é seu principal desafio.
Já em relação aos benefícios físicos, a canoa havaiana atua na perda de peso, melhora o condicionamento, tonifica os músculos e ajuda na flexibilidade, além do ganho de qualidade de vida.
Arraial
Juan Pablo Sanchez Durán é instrutor de Canoa Havaiana na praia de Pitinga em Arraial d’Ajuda, há quase dois anos, mas já tem uma história com o remo desde os 14 anos, quando iniciou a prática de Remo Olímpico, carreira finalizada aos 21 anos.
“Quando me mudei para Arraial, fiquei sabendo da Canoa Havaiana e fui procurar fazer. É bem diferente do remo Olímpico e a paixão pela atividade é instantânea. É o momento que você deixa sua vida ‘normal’ e vai para um mundo diferente, de conexão com a natureza, com o mar e com o grupo. Posso dizer que a Canoa é um estilo de vida”, revela.
Juan explica que esta conexão se reflete na aula, na remada e na interação dos praticantes. “Quando realizamos expedições maiores, com 4 a 8 horas de remada, a integração entre os remadores é essencial. É quase um transe”, conta. Para
A base onde Juan é instrutor é uma das bases ativas nas competições e que já trouxe dois títulos: A volta de Vitória (ES), em Canoa Mista OC6 (entenda um pouco mais no Box abaixo) e o Primeiro Surf de Canoa que ocorreu no ano passado em Saquarema (RJ) em OC4.
“Também organizamos o primeiro campeonato de canoa em Arraial d’Ajuda. Apesar de ter sido um campeonato pequeno, com participação de bases da região, já inicia o fomento ao esporte. A canoa também tem se tornado um atrativo turístico, tanto para leigos, que tem uma experiência diferenciada e de desafio e superação, quanto para atletas e amadores, que aproveitam a viagem e demonstram interesse em conhecer outras bases de canoa, lugares, pessoas e técnicas de remada diferentes”, salienta.
Equipamentos
Para a prática da Canoa Havaiana, Juan explica que somente o remo é equipamento individual. “Coletes nós mesmos fornecemos, mas temos atenção em outros itens necessários, como óculos de sol, boné ou viseira, protetor solar, água. Na escolinha ou para o passeio, o remo é cedido. Porém para quem quer treinar, nós indicamos a compra de um remo, pois o comprimento do remo pode influenciar na remada e evitar lesões”, ressalta.
Juan explica que a prática do remo não é recomendada nos 3 primeiros meses de gravidez e em caso de lesões ou comprometimento médico. “Já em relação a idade, atualmente temos alunos de 20 a 74 anos, as a média é entre 30 e 50. Pela prática necessitar muito de técnica e sincronia, equipes com pessoas mais velhas tem mais destaque”, relata.
Trabalho Social
Mas nem só de remadas vivem os praticantes da Canoa. No caso da CPP, que iniciou com um grupo de amigos que fabricaram suas próprias canoas e que hoje possuem 10 bases, sendo na região (2 em Arraial, 1 em Porto, 1 em Taperapuã e 1 em Coroa Vermelha), em Salvador (1 na Praia do Forte), Brasília e Espírito Santo, a contribuição social é um quesito aplicável. “Um exemplo foi o dia das crianças do ano passado, realizado para crianças da Comunidade Indígena de Aldeia Velha. Conseguimos arrecadar dinheiro e comprar brinquedos que foram doados à escola da aldeia. Também os trouxemos para uma experiência na canoa. Com isso, criamos laços e os ajudamos com suporte ao que necessitam. Também ajudamos a população ribeirinha do Buranhém com doações para as famílias que sofreram com as enchentes que assolaram a região”, revelou.
A canoa também tem seus rituais e são seguidos pelos alunos e instrutores. “Mesmo as canoas não sendo mais feitas de árvores como antigamente e sim de fibra de vidro, alguns rituais continuam sendo os mesmos, como é o caso do batismo da canoa, que recebe os ornamentos, o respeito pelo equipamento, que recebe um nome e faz parte da equipe. Uma das formas de respeito é que pedimos para que as pessoas não pulem a canoa. Ela é uma entidade e parte do grupo. É uma forma de demonstrar o zelo e respeito pelas pessoas que a fizeram. Na nossa base temos duas OC6, que são a Guaiamum e a Saravá e um OC4, a cavala branca.
Dicionário da Canoa Havaiana
Va’a = é a canoa; atualmente todas elas sejam havaiana ou polinésia recebem este nome
OC= a sigla significa Outrigger Canoe, nomenclatura utilizada no Havaí também pode ser utilizada a sigla V, referente a Va'a; a numeração que a acompanha é o número de pessoas que cada canoa comporta (OC1, OC2, OC3, OC4 ou OC6).
Ama = é o flutuador lateral
Lakos = são os braços que ligam a canoa ao flutuador
Fotos: Débora do Carmo
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