A receita gerada pelo turismo doméstico na Bahia em 2020 e 2021 só foi menor que a apurada por São Paulo. É o que aponta o módulo de Turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC). Esses anos foram marcados pela pandemia da Covid-19; e o setor de turismo foi fortemente impactado.
Assim, os gastos totais em viagens nacionais com pernoite para a Bahia, que correspondem à receita do estado com turismo, foram de R$ 1,2 bilhão em 2020, quando essa variável começou a ser investigada pela PNADC, e de R$ 1,1 bilhão em 2021. Em 2020 e 2021, R$ 1 de cada R$ 10 gastos por turistas brasileiros no país ficou na Bahia. Para 2022, esses números devem ser maiores. Só em julho, Porto Seguro está recebendo cerca de 27 voos por dia.
As viagens domésticas para a Bahia caíram 33,6% nos dois primeiros anos da pandemia, mas o estado se mantém como 3º principal destino do turismo nacional. A pesquisa mostra também que, em 2021, devido à pandemia, 85,4% da população baiana não viajou. A proporção de domicílios em que ninguém viajou chegou a quase 9 em cada 10.
Em 2020 e 2021, o tema foi investigado nas segundas visitas a cada um dos domicílios, captando informações sobre os três meses anteriores, e, pela primeira vez, foram pesquisados os gastos com viagens em que houve pernoite. O levantamento é feito em convênio com o Ministério do Turismo.
Houve diminuição no número de viagens com destino ao estado e partindo dele. Ainda assim, a Bahia conseguiu se manter como o terceiro principal destino de viagens domésticas e teve a segunda maior receita com turismo do país – o que mostra, por um lado, a relevância do estado no setor, em nível nacional, e, por outro, o peso que a atividade turística tem na economia baiana.
Entre 2019 e 2020, aumentaram as participações de meios de transporte individuais (carro e moto) e de hospedagem alternativa (alojamentos, casas de apoio, hospitais, sindicatos, quartéis, locais de trabalho em geral, barcos etc.) no total de viagens realizadas por baianos.
Queda nacional
No Brasil, entre 2020 e 2021, a receita com turismo doméstico recuou 10,6%, de R$ 11 bilhões para R$ 9,8 bilhões. Roraima (-66,6%), Amazonas (-53,9%) e Paraíba (-45,5%) tiveram as maiores quedas percentuais, enquanto São Paulo (menos R$ 484,8 milhões), Pernambuco (menos R$ 204,1 milhões) e Paraná (menos R$ 175,6 milhões) tiveram os maiores recuos em termos absolutos.
Com uma perda menor do que grande parte dos estados, a Bahia acabou ganhando participação na receita nacional com turismo doméstico, entre 2020 e 2021, de 10,8% para 11,2% do total. O gasto médio total em viagens com pernoite com destino ao estado, em 2021, ficou em R$ 1.690,00 o 8º entre as 27 unidades da Federação. Já o gasto médio per capita nesse tipo de viagem na Bahia ficou em R$ 205,00 apenas o 15º entre os estados.
Motivos para não viajar
Assim como ocorreu no país como um todo, a principal justificativa entre os baianos para não viajar, em 2021, continuou a falta de dinheiro, citada por moradores de 31,4% dos domicílios em que não houve viagens no estado (1,3 milhão de residências, em números absolutos). O motivo já havia sido o mais informado em 2019 (em 46,7% dos domicílios sem viagens) e 2020 (32,2%), mas teve uma perda significativa de relevância durante os dois primeiros anos da pandemia.
No estado, o segundo motivo para não viajar também permaneceu o mesmo: não ter necessidade, citado por moradores de 31,0% dos domicílios onde ninguém viajou (cerca de 1,3 milhão de residências). A participação dele cresceu um pouco frente ao pré-pandemia, quando havia sido de 28,5% (em 2019).
Por outro lado, o motivo para não viajar que mais ganhou importância na Bahia foram os “outros”, onde estão incluídas diversas razões ligadas à pandemia. Eles haviam sido os menos citados em 2019, em apenas 2,0% dos domicílios sem viagens (78 mil), e pularam para uma participação de 20,7% em 2021 (867 mil domicílios).
No Brasil como um todo, no ano passado, em 30,5% dos domicílios onde ninguém viajou o motivo foi a falta de dinheiro. Em seguida, vieram os “outros” (em 20,9% dos domicílios sem viagens) e não ter necessidade (20,8%).
Meios de transporte
Os principais meios de transporte utilizados em viagens continuaram os mesmos na Bahia, quando comparados os anos de 2019 e 2021, mas, durante a pandemia, as viagens de carro (particular ou da empresa), que já eram as mais numerosas, ganharam ainda mais importância, enquanto as viagens em transportes coletivos (ônibus de linha ou fretados e aviões) perderam participação no total.
No ano passado, 44,6% do total de viagens realizadas por baianos foram feitas de carro (em 2019, elas haviam sido 35,3% do total). Em seguida vinham as viagens de ônibus de linha, que haviam sido 32,1% do total em 2019 e caíram para 23,6% em 2021. As viagens de avião (apenas o 5º meio de transporte mais usado na Bahia) caíram de 8,1% para 4,1% no período, e as de ônibus fretados recuaram de 3,7% para 2,0%, passando a ser a menos citadas no estado.
A ordem de preferência na hora de hospedar também se manteve ao longo da pandemia, mas a casa de amigo ou parente, líder em 2019 e 2021, perdeu participação no total de viagens realizadas por moradores da Bahia (de 52,9% para 47,6%) enquanto a categoria “outros” (que reúne alojamentos, casas de apoio, hospitais, sindicatos, quartéis, locais de trabalho em geral, barcos etc.) foi a que mais cresceu em participação (de 30,7% em 2019 para 36,3% em 2021).
Nas edições de 2020 e 2021, a PNADC Turismo investigou também a hospedagem em imóveis de temporada ou AirBnB. Eles foram a hospedagem utilizada em 3,6% das viagens feitas por baianos em 2020 e 2,7% em 2021 – os menos citados neste ano.
Com informações de Mariana Viveiros, coordenadora de Divulgação do Censo 2022 - Foto: divulgação
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