Tudo ou nada: prazer e culpa

 

Antonio Tamarri

É muito comum ouvir estas palavras. Quem as pronuncia passa a impressão de ser pessoa determinada e segura. Mas, pensando bem, esta duplicidade não é tão positiva assim, sobretudo nestes tempos de pandemia. Tempo em que, para se livrar do vírus, é necessária a colaboração de todos.

Neste caso, esta duplicidade torna-se nociva. Por exemplo, quando uma pessoa, por motivos religiosos ou de saúde, resolve tomar álcool nenhum, renunciando aos benefícios desta bebida que, quando bebida ‘com juíza’, só faz bem.

O mesmo pode ser dito de todas as comidas. Exagero de açucares, carnes gordas, café, para não falar das frituras, etc... fazem mal de verdade. Mas uma abstenção total também faz mal. “No meio se encontra a virtude”, dizem os sábios e nada pode substituir o equilíbrio.

“Memento mori”

Vale a pena recorrer à historia e à sabedoria dos antigos romanos. Era esta a frase que os palhaços do imperador diziam até durante os desfiles dos triunfos, quando o chefe vencedor voltava para Roma recebendo a maior gloria. “Lembre-se de que você é mortal”, em tradução livre.

Na Igreja Católica, quando a liturgia era ainda em latim, no começo da quaresma, na celebração das cinzas, as palavras que o celebrante dizia eram: “memento homem quia pulvis es et in pulverem reverteris”. Lembre-se que você é pó e voltará a ser pó.

Se a pandemia nos ensinar a ser mais sóbrios, autocontrolados, calmos... tiraremos algo positivo entre a tragédia de tantas vidas ceifadas. A vida sempre é um dom, pois ninguém pediu para nascer. E hoje, mais do que nunca, vale a frase que sempre ouvimos: “muita calma nesta hora”.


Antônio Tamarri é professor de História e Teologia - Ilustração: GreenMe Brasil

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