Estamos passando por uma situação grave. Entre as verdades e mentiras que escutamos sobre a pandemia do coronavírus, um meio para aliviar a tensão seria adotar a virtude da resiliência, fazer da quarentena uma oportunidade para mudar o nosso modo de viver, reduzir os vícios e até eliminá-los.
Não se trata apenas de reduzir álcool, fumo, drogas, alimentação errada, exagero de trabalho ou ócio. Resiliência é tirar o maior bem do maior mal. Muitos interpretam as restrições impostas pelas autoridades ou médicos como um castigo, um exagero, algo de inútil e nocivo à economia, lesivo à liberdade e até desproporcionado. Existem políticos vivenciando a ilusão de ganhos políticos com estas atitudes, ensaiando até revoltas, manifestações, contra as ordens e disposições das autoridades. Insanidade. Ao desconforto da doença, dificuldades pelas reduções do trabalho, lazer, compras, acrescentam os perigos de participar de atos ilegais, partidários, nocivos à cidadania.
Hora da resiliência
O meio mais eficaz para suportar a pressão das restrições, proibições, limitações não é a lamúria, sim, dar valores a elas, encará-las como se encaram as broncas justas dos pais, as receitas e orientações dos médicos, os conselhos dos professores. Resiliência é assumir estes corretivos como caminho para a solução. Se revoltar contra as medidas restritivas é imitar o doente que recusa os remédios.
A pandemia existe, está avançando de forma cada vez mais assustadora, no mundo inteiro, apresenta formas diferentes e mais perigosas; o maior perigo e erro é esperar a vacina sem mudar de vida, sem se livrar dos hábitos errados, pensando que uma vez vacinados, poderemos continuar a mesma forma de vida. Não podemos esquecer que será bem difícil vacinar toda a população do planeta em tempo útil para se livra dos contágios. Sempre vai existir um portador não identificado que vai transmitir o vírus a partir das pessoas mais frágeis, seja por natureza, seja por vícios.
O melhor modo de “aguardar” a vacina é melhorar a vida, a alimentação, o trabalho; ter relações boas com a própria família, bairro, cidade, entrar na luta contra a poluição de ar, água e terra, enfrentar as injustiças sociais, as mentiras dos políticos, do comércio, da propaganda enganosa, se livrar das tentações dos supermercados que oferecem tudo pronto, mas não garantem a saúde, pelo contrario. A melhor vacina é voltar a preparar a comida em casa, fugir dos lazeres em massa, trafego congestionado, viagem longas para umas férias “curtas” de sossego.
Resiliência e autossuficiência
Até continuarmos a depender da mídia fútil e mentirosa, do supermercado cotidiano até para uma simples sopa, depender dos outros para qualquer coisa, seremos sempre mais expostos ao contagio. É preciso se tornar proativos, voltar ao “faça você mesmo”, autossuficientes para sermos imunes dos tantos perigos de uma sociedade que não ensina a auto-suficiência, sem a dependência. Esta é a nova escravidão criada pelos 2.604 bilionários que existem na terra e que, de formas bem diferentes, mantêm a população no medo de não conseguir a agulha no braço, a vacina que permita a continuação de um sistema tão desigual e injusto. Quando formos todos mais autossuficientes, os bilionários resolverão repartir os bens, e quem sabe repartir a vida e a saúde.
Publicado da edição 428 do Jornal do Sol - Antônio Tamarri é professor de História e Teologia
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