Justiça decreta prisão preventiva de acusado de estupro em Caraíva

A justiça decretou prisão preventiva de Tácio da Conceição Bonfim, conhecido por Tácio Pataxó, acusado de estuprar Maria do Carmo Ribeiro, de 27 anos, moradora de Caraíva, distrito de Porto Seguro, no dia 21/01/20.

A prisão preventiva foi pedida pelo delegado regional Moisés Damasceno e assinada, nesta quarta-feira, 29/01, pelo juiz da 1ª Vara Crime André Strogenski. Tácio Pataxó, que já teria pago a fiança de R$ 3.500,00, também é acusado de praticar o mesmo crime contra outras cinco mulheres.

No dia 25/01, Maria do Carmo Ribeiro, a moradora de Caraíva que denunciou o homem, postou nas redes sociais o abuso que sofreu e os objetos que ele usava. Ela inicia o texto de forma direta, dizendo: “Fui estuprada e não vou me calar”. E afirma que o ocorrido foi às 5h30 da manhã, na própria casa.

“Acordei na minha cama e havia um homem em cima de mim...Uma camisa vermelha encobria seu nariz e sua boca. Assim que me viu abrir os olhos ele continuou, como se nada tivesse acontecido”.  Continua o relato.

Maria do Carmo relata o horror que viveu naquele momento e afirma que, apesar de estar sendo subjugada, conseguiu se livrar do homem. “Nunca esquecerei daqueles olhos frios e daquele corpo asqueroso sobre o meu. Não sei de onde tirei forças - comecei a bater nele e levantar. Ele se esquivava e tentava segurar meus braços, comecei a gritar e xingar”.

A vítima afirma que o companheiro dela estava dormindo no cômodo ao lado e despertou perguntando o que houve e foi à busca do acusado. Disse ainda: “num pulo o agressor, abriu a porta do banheiro, pegou impulso no vaso e na máquina de lavar e pulou pela parte destelhada da casa”. Ao retornar ao quarto, a vítima afirma que notou que seu celular havia sumido. E que, na cama em que ela estava, havia uma “cueca e um protetor solar que ele teria usado como lubrificante”.

Vizinhos teriam avistado o homem acusado, identificado por meio da camiseta vermelha que deixou numa moita onde havia se escondido e devido a uma tatuagem nas costas e um boné preto. Ela afirma que relatou o ocorrido aos moradores do vilarejo, mostrando os pertences dele. E que, no final do dia, ela já sabia de quem se tratava, devido à descrição da tatuagem, dos pertences e “ao fato de ele ter um histórico de acusações anteriores”.

Reconhecendo o agressor

Maria do Carmo afirma que o acusado foi contido na noite seguinte, quando voltou à vila. “Imediatamente me chamaram pra reconhecê-lo. Arrogantemente ele portava meu celular, com a mesma capinha e película que eu usava. Reconheci o aparelho e o homem na hora”. Na delegacia, às 3h30 da manhã, o acusado teria negado o crime. A mulher, que recebeu o celular de volta, conta que voltou para casa “exausta, abalada, exaurida”. E que à conduta do acusado foram imputados os crimes de importunação sexual e furto simples. E considerou: “crimes brandos cuja pena mínima é um ano!”

A vítima afirma também que nesse meio tempo, foi procurada por muita gente que afirmou existirem outras vítimas dele, mas com medo de se manifestar, porque a família dele é numerosa. “Muitas confirmaram seu perfil agressivo e frio. Meu vizinho está com medo de depor. Mulheres estão com medo de represálias. Amigos e conhecidos que ajudaram na identificação do estuprador pediram que eu não citasse seus nomes”.

Conforme disse Maria do Carmo, a justiça havia concedido a ele a chance de ter liberdade provisória mediante o pagamento de fiança no valor mínimo. “Se pagar R$ 3.500 reais, Tácio da Conceição Bonfim, que me estuprou há menos de uma semana, vai voltar às ruas da pequena vila onde resido, oferecendo perigo para mim em especial, mas também para outras potenciais vítimas”, lamentou a mulher.

Maria do Carmo, que se apresenta como alguém que estudou Direito Penal e Criminologia na no Instituto de Criminologia e Política Criminal – ICPC, direito na UniRio e na Universidade do Porto, também se apresenta como mulher, feminista, astróloga, massoterapeuta, escrevente, poetisa e viajante. E no final de seu relato, pede ajuda para acompanhar o caso com a contratação de um advogado.

Este é um depoimento que chegou a público. Mas, de acordo com relatos de moradoras de Caraíva, outros casos aconteceram no distrito, em dezembro de 2019 e no início de janeiro.