Moara Sacchi, de Santo André, ganha prêmio nacional em dança

Em vídeo dança, a artista interpretou uma performance com referências a religiões de matriz africana

A jovem Moara Sacchi, de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, foi premiada no Rio de Janeiro pela performance gravada em vídeo-dança, na beira do Rio João de Tiba. Pelo trabalho intitulado de Dança das Águas, recebeu o Prêmio Respirarte 2020, do Edital Funarte, que integra a Secretaria Especial de Cultura, do Ministério do Turismo.

É uma performance com referências a religiões de matriz africana, mais especificamente o candomblé. “Para nós todo ano tem um regente. Esse ano é um ano de Osun/Oxum com Oxalá, no vídeo danço para Oxum e estou com meu fio de contas de Oxalá no pescoço”, diz Moara. “Uma coincidência linda, o vídeo foi gravado em abril de 2020 e a confirmação dos regentes veio no fim de dezembro de 2020. Nós não sabíamos, foi mais um acaso que confirmava que estávamos no caminhou certo.”

Para Moara Sacchi, ter sido premiada foi um grande presente e o reconhecimento de um trabalho que divulga a região. Mas, para a jovem, ainda há muitos talentos precisando ser descobertos. “Seria bacana se mais gente da nossa região conquistasse prêmios nacionais e estaduais, internacionais também. Mas percebo que a arte aqui ainda é pouco ou quase nada valorizada. Aqui se aprende a fazer arte, mas não são passadas as ferramentas necessárias para elaboração de projetos, profissionalização. Incentivo sempre meus amigos artistas a participarem, e vejo a dificuldade que se tem aqui para organizar documentação e principalmente para a escrita de projetos. Existem inúmeras burocracias que acabam excluindo artistas incríveis”, observa.

A performance

O vídeo mostra o corpo em contato com o rio. “Faz uma alusão ao sagrado, presente nas águas doces, a divindade da mitologia africana, Oxun. A proposta da dança é naturalizar o culto às deusas das religiões de matriz africana, trazendo a beleza do ritmo Ijexá, com o corpo de uma mulher preta que dança em agradecimento a sua mãe, na areia e nas águas, enquanto se banha. Ela é das águas e celebra o fato de ser parte daquele ambiente sagrado. Naquele momento, o rio, seu corpo e todas as vidas em presença são templos de Orixá”, diz a sinopse.

De acordo com Moara, o trabalho foi uma junção entre artistas de três estados: Bahia, com ela na direção de arte, criação, coreografia, dança e edição do vídeo como proponente e Madiba Freitas na produção e aconselhamento; Pará, com Priscila Duque, que fez a filmagem e edição do vídeo; e Recife, com a participação de Afoxé Oyá Alaxé do Ilê Oba Aganju Okoloya, compositoras e responsáveis pela trilha sonora do vídeo-dança, na pessoa de Maria Helena Mendes Sampaio. “Três regiões bem fortes. O terreiro responsável pelo afoxé é muito reconhecido lá em Recife, participam ativamente da cena cultural local”. O figurino é de Vivian Lee da Cunha e o apoio institucional é do Instituto Sociocultural Brasil Chama África.

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