Para estudiosos, baleias jubarte estão se reproduzindo mais

Embora não haja comprovação de que a pandemia do Novo Coronavírus tenha interferido no comportamento das baleias jubarte, é possível que elas tenham sentido maior liberdade em nadar nos mares, desimpedidas pela ausência ou redução de embarcações, ocasionada pelo distanciamento social. A observação é de Eduardo Camargo, coordenador geral do Projeto Baleia Jubarte, com sede em Caravelas. Ele afirma que este ano, foi vista uma quantidade muito maior dessas baleias, desde o Espírito Santo ao banco de Abrolhos.

“Vimos muitos filhotes. A quantidade de baleias jubarte cresceu devido ao aumento de cópulas. A população de baleias parece que ignora a pandemia e se reproduz à toda”, enfatiza.  Ele afirma ainda que com o turismo paralisado em toda a região, a grande navegação foi reduzida e isso beneficiou as baleias. Para ele, é possível que as baleias se sintam mais confortáveis nestas circunstâncias e que um ambiente mais tranquilo favoreça a reprodução e o canto.

A bióloga marinha Thaís de Melo, que é também guia baleeira e tem uma empresa de turismo de observação, afirma que este ano a temporada não aconteceu, porque não foram liberados os passeios de barco em Porto Seguro. Mas ela teve oportunidade de observar várias baleias, inclusive com o pessoal do Instituto Baleia Jubarte. “Fiz algumas saídas para observá-las desde Caraíva. O que eu posso dizer é que foram identificados muitos filhotes esse ano, e por isso, aumentou o número de encalhes.” Ela lembra que, nesta temporada, houve uma semana com três ou quatro encalhes de filhotes em Trancoso.

Cantando muito

“O que eu vi e tenho ouvido várias pessoas comentarem é que as baleias estão cantando muito. Consegui escutar o canto delas, mergulhando. Muito alto e isso foi impressionante. Uma amiga gravou uma baleia cantando horas e eu vi que o pessoal do Rio de Janeiro tem escutado elas cantando bastante”. Mas a bióloga enfatiza que esta é uma observação informal, pessoal.

O pico da temporada de visita das jubarte é nos meses de agosto e setembro. E novembro é o mês em que elas costumam voltar para a região gelada. “Ainda em muitas baleias por aí”, registra o coordenador. Até a primeira semana de outubro, em toda a Costa do Descobrimento e Costa das Baleias, que abrange os municípios de Prado, Alcobaça e Caravelas, foram avistadas cerca de 600 baleias jubarte. Na Bahia, foram até agora, 20 encalhes no total.

Este ano, o IBJ completa 35 anos de pesquisa e proteção às baleias jubarte. Com a pandemia, a equipe de trabalho da temporada foi reduzida. E as comemorações por todos esses anos de grandes vitórias das jubarte diante dos desafios de reprodução e sobrevivência, deverão ser feitas no próximo ano, conta Eduardo Camargo.


Fotos: Instituto Baleia Jubarte e Thaís Hokoç