Oito mulheres e uma exposição inédita na Galeria Hugo França em Trancoso

A Galeria Hugo França recebe uma mostra coletiva inédita de oito artistas mulheres de Trancoso. A exposição “Viver é um Rasgar-se e Remendar-se” foi idealizada, produzida e é composta exclusivamente por mulheres. E lança luz à força das artistas locais, nativas ou que escolheram o distrito para viver, que têm a ressignificação constante de suas trajetórias como ponto em comum.

Com curadoria de Isa Castro e produção de Luana Jardim, a exposição traz dezenas de telas com diferentes abordagens, texturas e linguagens. São criações de Ana Laranjeira, Camile Soares, Claudia Lemos, Leda Lima, Marta Meyer, Patricia Gudmundsson, Paula Blache e Selma Guedes (em memória). Entre pinceladas ou aplicação de argila, plantas e outras matérias primas, cada obra reflete a intensidade poética dessas mulheres.

Além das artes plásticas, haverá a apresentação de três livros não lançados por Selma Guedes, como uma homenagem póstuma. O nome da exposição é inspirado na frase de Guimarães Rosa e convida o público para uma reflexão sobre a vida, sobre as trajetórias individuais e sobre como as marcas fazem parte do que somos e do que vamos nos tornar. A mostra vai até 20/11.

Biografias

Ana Laranjeiras

Escolheu Trancoso como seu lar há quase 40 anos. Trabalha com tecidos desde 1995 e, como sócia do Atelier Bela Estampa, coloriu muitas casas, pousadas e hotéis no vilarejo e pelo mundo afora. Hoje, expressa sua arte têxtil através de montagens com tecidos em linho e algodão tingidos com técnicas ancestrais ou modernas, associados aos bordados, que fazem parte das suas memórias afetivas.

Camile Soares

Artista visual, paraense, nascida em Belém. Viveu sua infância no Pará, visitando anualmente o Rio de Janeiro até a cidade virar seu lar. Estudou design e se apaixonou por criar. Com 10 anos de experiência em estamparia, criou para marcas de vestuário, calçados e decoração. Hoje vive e se divide entre Rio de Janeiro e Trancoso.

Claudia Lemos

Iniciou seu processo artístico criando acessórios de papel que, mais tarde, transformaram-se em pequenas esculturas de arame. Em 1996, foi artista contemplada pelo Itaú Cultural com mostras individual e coletiva em Belo Horizonte, Goiânia e Campinas. Logo depois, participou do 3º Salão MAM Bahia. Continuou seu processo de transformação experimentando novos materiais e formas de se expressar, desenvolvendo estudos e protótipos de esculturas que nunca foram mostradas. Em 2000 começou a costurar, trabalhando dessa forma outras questões relacionadas à linha. Midou-se para Trancoso em 2016.

Leda Lima

Nasceu em Trancoso, em 1961. Desde criança, desenhou e rabiscou, mas começou a dar importância a esse lado criativo aos 23 anos, quando mudou-se para a Europa para aprofundar seus conhecimentos na arte. Participou de diversas coletivas e, em 1999, retornou ao Brasil, para duas exposições. Leda é uma artista plástica versátil, além de quadros também pinta cerâmicas, tecidos e faz flores de papel. Hoje, tem seu próprio ateliê em Trancoso, no Quadrado.

Marta Meyer

Entende que tramas, fios, e agulhas são seus instrumentos de expressão e ofício. Atualmente, dedica-se a trabalhos únicos, onde mescla várias técnicas como tecelagem, bordado, costura, entre outros. Em 2011, junto com Juan Ojea e Renato Imbroisi, criou a "TENET", associação virtual de tecelões e artistas têxteis, que promove eventos e exposições coletivas.

Patrícia Gudmundsson

Formada no Instituto Nacional de Artes, Buenos Aires, já fez várias exposições na Argentina. “Dentro da labiríntica incerteza, acho o horizonte e o caminho que me levam em direção à imensidão da água e à inspiradora luz”.

Paula Blache

Artista brasileira, já viveu em muitos lugares, como Rio de Janeiro, Nova Yorque, Paris e, atualmente, em Trancoso. Cursou fotografia na International Center of Photography, se formou em Belas Artes na School of Visual Arts, ambas em NY. O trabalho de Paula nasceu de uma conexão com a natureza. Ela cria suas obras com materiais orgânicos.

Selma Guedes (em memória)

Era um anjo e sabia. Artista nata, autodidata, tinha plena consciência de seu dom.  Nascida em Trancoso, iniciou seu lado artístico pintando almofadas e, com o tempo, evoluiu para quadros. Porém seu sonho de verdade era escrever. E o realizou. Teve tempo apenas de lançar um dos quatro livros que escreveu. Os inéditos estão presentes nessa exposição.

Galeria Hugo França

A Galeria Hugo França ocupa um espaço de 30 mil m² em meio à Mata Atlântica. Sua ampla arquitetura propõe um convívio harmônico entre obra, espectador e paisagem. A galeria foi projetada com um pé direito de 10 m e área de 300 m², podendo abrigar obras de grandes dimensões, e, em seu entorno, gramados com áreas expositivas generosas.

Junto, funciona o Atelier Hugo França. É possível agendar uma visita guiada pelos galpões que abrigam a produção, o parque onde ficam o Resíduo Florestal, e o espaço com as obras acabadas. O Atelier tem como princípio transformar troncos, raízes e partes de árvores que geralmente são rejeitados. Essa matéria-prima é estocada para posteriormente ser escolhida por Hugo França, em função de sua textura e forma orgânica, para projetos variados.

A Galeria funciona de segunda a sexta, das 10h às 17h. Sábado, domingo e feriado somente com horário marcado. Fica na rodovia BA 001 s/nº, próximo ao trevo Trancoso/Caraíva. Mais informações pelo WhatsApp (73) 98107-2262.


Com informações e foto de Taís Santos

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