Os recifes de corais são ecossistemas que abrigam uma alta biodiversidade marinha como algas, grama marinha, animais vertebrados e invertebrados. Os corais constituem a maior parte de um Recife e são importantes bioindicadores da qualidade da água.

Esses ecossistemas são importantes para o homem por fornecerem recursos naturais e proteger a costa. No entanto, estão ameaçados por diversos fatores como superexposição, poluição, introdução de espécies exóticas, mudanças climáticas e de um vilão sileicioso: os protetores solares. A composição química destes produtos pode causar danos irreversíveis ao meio ambiente  - principalmente para a vida marinha -  e à sua saúde.

25%

De acordo com o doutor em oceanografia, coordenador de pesquisas do Coral Vivo e pesquisador associado do IO-USP, Miguel Mies, a biodiversidade é elevada em recifes de coral, cerca de 25% de todas as espécies marinhas podem ser encontradas neste locais, que ocupam menos de 1% da superfície do oceano.

“Os corais tem importância biológica e socioeconômica. É deste local que vem o sustento de pescadores, de agentes de turismo que exploram os locais por sua beleza natural e toda uma cadeia que se desenvolve em torno, de comércio e serviços. Outro produto importante dos corais é o material biotecnológico, com a extração de compostos de caráter antibiótico extraído de espécies de corais”, explica.

Receita

Outro ponto ressaltado por Miguel é a barreira submersa do ecossistema, que deixa a costa protegida. “Somando todos esses serviços ecossistêmicos que o recife proporciona, ele atinge diretamente cerca de 500 milhões de pessoas ao redor do mundo, gerando uma receita anual de 10 trilhões de dólares”, comenta.

O oceanógrafo divide os piores inimigos dos recifes em: os de impacto global e os de impacto local. Deste último ele elenca a pesca e o turismo desordenado. “A pesca e o turismo são coisas muito boas, porque elas geram renda, desenvolvimento socioeconômico, mas, desde que sejam sustentáveis. No momento em que essas atividades cruzam a linha do sustentável, aí temos um problema. As pessoas não devem achar que a pesca e o turismo devem ser interrompidos, eles devem existir, desde que bem regulamentados”, ressalta.

Na escala global, o doutro explica que o aquecimento global, que deixa as águas mais quente provoca o branqueamento dos corais e gera intensa mortalidade; a acidificação dos oceanos, também gera problemas como corais com esqueletos mais frágeis e quebradiços.

Danos

De acordo com a cartilha distribuída pela prefeitura, aos visitantes do Parque Municipal Recife de Fora, anualmente, de 6 mil a 14 mil toneladas de protetores solares são liberados em áreas de Recife de coral. Eles impactam na vida marinha dos Corais pois acumulam em seu tecido e se unem ao material genético, deformando e causando a morte de corais jovens e induzindo ao branqueamento; aos peixes, ele afeta o desenvolvimento, a fertilidade e a reprodução; para as  algas, o impacto se refere ao crescimento e a fotossíntese; aos moluscos, camarões e ouriços-do-mar causa toxicidade e afeta o desenvolvimento; nos golfinhos, o produto acumula nos tecidos e na placenta.

Segundo pesquisas pelo menos 10% dos corais no mundo e 40% dos recifes costais estão em risco por conta dos protetores químicos. Miguel revela que especialmente em zonas de menor circulação, de água mais represada, os efeitos dos protetores solares com substâncias nocivas aumenta, porque quando fica aquela água parada, fica mais concentrado. “Em piscinas de maré, poças de maré, recifes que têm muitas dessas piscinas ficam mais sujeitos a esse tipo de problema. Por isso a necessidade de se usar os protetores reef friendly. O próprio Coral Vivo já fez muitos experimentos com larvas de coral e viu que, realmente, algumas marcas que não possuem substâncias tóxicas conhecidas,  - oxibenzona e butilparabeno, por exemplo - produzem muito menos impacto sobre as larvas de corais do que aquelas que possuem substâncias tóxicas”, destaca.

Mas também existem várias outras formas de se proteger do sol, sem utilizar os chamados protetores químicos. Os protetores conhecidos como ecológicos, mineral ou físico não contém estas substâncias nocivas. Apesar de não serem tão populares, há diversas marcas e sua composição física possui óxido de zinco e o dióxido de titânio. Além deles, há outras soluções não nocivas ao meio ambiente, como o guarda sol, óculos UV, evitar o pico solar, utilizar as camisas com proteção UV e chapéus.

Fotos: Reprodução/ Coral Vivo

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