O estômago e os membros

Antonio Tamarri

O Brasil não merecia a situação que está vivendo. Inflação, pandemia, milhões de pessoas passando fome, destruição das florestas, poluição das águas, do ar e da terra. O pior é que tem gente que se preocupa mais com a busca dos culpados do que com a procura de soluções. Infelicidade ainda maior é ver que a política - aliás, a politicagem - divide as opiniões dos eleitores que se ocupam em atacar ou defender o governo em vez de exigir dos “servidores” que resolvam os problemas.

A história nos relata que desde os tempos mais antigos, as divergências sempre existiam e os políticos tinham problemas sérios como aconteceu, nos anos 500 a.C. na cidade de Roma. Cansados da maneira desumana de serem tratados, os plebeus, quer dizer os trabalhadores, serviçais, domésticos, se amotinaram. Deixaram os serviços que prestavam para os patrícios - ricos - e se recolheram nas montanhas. O senado foi chamado para resolver o problema que estava deixando a cidade no caos. Tinha quem queria que o exército fosse enviado para acabar com estes revoltosos, outros opinavam para cercá-los e deixar que morressem de fome. Um senador de nome Menenio Agrippa foi às montanhas e contou aos revoltosos a história do estômago e dos membros do corpo humano. Alegava que o ventre não era apenas o consumidor de comida, e sim, o membro que transformava a comida em energia para o corpo todo e, se, por exemplo, os braços não levassem a comida para a boca, o corpo todo se tornaria mais fraco até morrer. Concluía dizendo que senado e povo constituem um único corpo; com a discórdia morrem os dois, com a concórdia todos ficam saudáveis.

Os erros

Alguém pensou no que poderia ter acontecido se, ao descobrir a pandemia, governo, secretaria da saúde, governadores, médicos, cientistas tivessem se um unido e montado uma defesa forte e clara para combater o vírus? O povo caiu nas conversas e divergências entre os políticos. Tem gente que se atreveu a explorar e querer usar a compra dos remédios para lucros pessoais. Perderam-se tempo e oportunidades para procurar vacinas, arrumar salas para terapias e, sobretudo, para preparar e alertar a população. O fruto foi a morte de mais 600 mil pessoas.

A busca da concórdia

Para disfarçar o fracasso destes governantes no combate à pandemia, agora assistimos à tentativa idiota de esconder este desastre com a preparação das eleições. Absurdo: faltando 10 meses para esta disputa, que deveria ser o ápice da democracia, quer dizer “governo do povo”, fala-se em “coligar”, juntar nomes, inventar propostas de governo, de atos anticonstitucionais para continuar desgovernando. Será que não vai renascer um Menenio Agrippa para dizer ao povo que só a concórdia, a união das forças, a colaboração entre os cidadãos poderá salvar o Brasil? E se as forças políticas não tiverem a honestidade de fazer isto, que renaça o grito: “o povo unido jamais será vencido”.

 

Natal 2021

Quando difícil parece

A vida nesta terra

Levanta os olhos ao céu

Procura a tua estrela.

Tem diversas luzes

Diferentes cores

Escondidas ou bem a vista,

Podes sentir os valores.

Sacuda o medo

Retoma a esperança

Confia e tem certeza

Que a vida não se apaga.

Reacenda a confiança

Pois na escuridão da terra,

Apesar de faltas,

Brilha a luz do Menino Jesus,

Feliz Natal!

São os votos de Fernanda e Tonino